A Proteção Civil dos Açores registou cerca de uma centena de ocorrências em quase todas as ilhas, desde a madrugada deste sábado, na sequência da passagem da depressão Kyllian, que começa a afastar-se do arquipélago.
“Atualmente, em toda a região, registamos 97 ocorrências, sendo de realçar as ocorrências registadas na ilha Terceira, durante o final da manhã, devido à precipitação. Só nesta ilha ocorreram 58 do total das 97 ocorrências”, adiantou, em declarações à Lusa, o vice-presidente do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA), Osório Silva.
O grupo oriental (São Miguel e Santa Maria) é neste momento o mais afetado, tendo-se registado 14 ocorrências durante a tarde, sobretudo quedas de árvores e de postes, além de uma inundação numa habitação, que é acompanhada pelos agentes de Proteção Civil.
As ilhas do grupo ocidental (Flores e Corvo) estavam sob aviso vermelho, devido às previsões de vento forte, com rajadas que poderiam chegar aos 140km/h, e de agitação marítima, com ondas que poderiam atingir os 20 metros, mas acabaram por registar apenas a queda de uma árvore.
Segundo o meteorologista Carlos Ramalho, da delegação dos Açores do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a rajada de vento máxima foi registada em Santa Cruz das Flores e na Horta, com 117 km por hora.
Foi, no entanto, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, onde se contabilizaram mais estragos, que choveu mais, com um registo de 32 litros por metro quadrado em apenas uma hora, entre as 10:00 e as 11:00 (hora local, mais uma em Lisboa).
Na ilha Terceira, foi necessário realojar temporariamente seis famílias, quatro em Angra do Heroísmo e duas na Praia da Vitória, ainda que apenas uma tenha necessitado da intervenção da secretaria regional da Solidariedade Social.
Segundo o presidente do município de Angra do Heroísmo, Álamo Meneses, as habitações em causa necessitam de arranjos “que se podem fazer num prazo relativamente curto”.
Também o vereador da Câmara Municipal da Praia da Vitória responsável pela Proteção Civil, Carlos Armando Costa, disse que as duas casas inundadas necessitam apenas de trabalhos de limpeza.
Algumas estradas dos Açores chegaram a estar fechadas ao trânsito, devido a derrocadas, inundações e transbordos de ribeiras, mas o vice-presidente da Proteção Civil garantiu que todas as vias foram “desobstruídas”.
Apesar da melhoria do estado do tempo em algumas ilhas, ainda há previsões de ondulação forte, o que levou o Governo Regional a encerrar algumas estradas junto ao mar nas ilhas do Pico, Faial, São Jorge e São Miguel.
“Por uma questão de precaução, as autoridades entenderam – e bem – encerrar essas vias para que não haja circulação de viaturas”, frisou Osório Silva.
Nas Flores e no Corvo, há um aviso laranja – o segundo mais grave da escala – devido à agitação marítima, até à meia-noite, que passa a amarelo até às 09h00 de domingo.
Já as ilhas do grupo central (Terceira, São Jorge, Graciosa, Pico e Faial), estão sob aviso laranja até às 21h00 e sob aviso amarelo até à meia-noite, juntamente com as ilhas de São Miguel e Santa Maria.
Até às 21h00, todas as ilhas do arquipélago estarão também sob aviso amarelo, devido às previsões de vento forte, estando o grupo ocidental sob o mesmo aviso por possibilidade de chuva e trovoada.
Vários portos nos Açores estiveram encerrados e o vento forte provocou cancelamentos e atrasos nas ligações aéreas.
Segundo o porta voz da companhia aérea açoriana SATA, não se realizaram os voos Lisboa-Pico-Terceira, da Azores Airlines, nem as ligações Horta-Flores-Horta e Terceira-São Jorge-Terceira, Terceira-Graciosa-Terceira e Ponta Delgada-Pico-Ponta Delgada, da SATA Air Açores.
No total, foram afetados cerca de 360 passageiros, que serão reacomodados em voos no domingo.
[Notícia atualizada às 22:06]