O Governo Regional da Madeira, através do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN), está a executar o 3.º Inventário Florestal da Região Autónoma da Madeira (IFRAM3), um projeto essencial e de elevada importância para a avaliação, monitorização e gestão sustentável dos recursos florestais da Região. A iniciativa, que decorre de forma técnica, regular e transparente, encontra-se já em fase muito avançada, com 87% das parcelas de amostragem concluídas.
Das 381 parcelas previstas para amostragem no arquipélago, 332 já foram inventariadas, o que representa um avanço substancial no terreno. A totalidade das 29 parcelas definidas para a Ilha do Porto Santo encontra-se já concluída, o que perfaz 100% da cobertura para essa ilha. Na Ilha da Madeira, permanecem apenas 49 parcelas por inventariar, equivalentes a 13% do total da amostragem. Esta distribuição evidencia o estado muito adiantado dos trabalhos e a proximidade da sua conclusão integral.
Simultaneamente, o IFCN concluiu a fotointerpretação de 12.909 fotopontos — 1.056 localizados no Porto Santo e 11.853 na Ilha da Madeira. A fotointerpretação é uma componente fundamental deste inventário, permitindo uma caracterização precisa do coberto vegetal e da ocupação do solo. Esta base de dados é um suporte indispensável para a cartografia temática, um dos pilares do IFRAM3. Para assegurar a robustez e precisão dos dados obtidos, está atualmente em curso a validação de 1% dos fotopontos no terreno.
O projeto envolve uma equipa técnica especializada, composta por engenheiros florestais, topógrafos, agrónomos, especialistas em Sistemas de Informação Geográfica e técnicos de campo, o que em conjunto totalizam cerca de 10 profissionais dessa empresa, além de cinco técnicos do IFCN que acompanham a recolha de dados e validam a informação.
A execução do IFRAM3 representa um investimento de 68.816,13 euros, sendo integralmente financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Este financiamento permite garantir a qualidade e profundidade técnica deste trabalho, cuja relevância ultrapassa a mera recolha de dados e se projeta como uma base científica para decisões políticas e estratégicas em matéria de floresta.
Assim, o Secretário Regional de Turismo, Ambiente e Cultura, Eduardo Jesus, sublinha que “este inventário é um instrumento técnico absolutamente essencial para compreendermos a realidade da nossa floresta e para planeamento a longo prazo”. O governante afirma ainda que “a informação recolhida permitirá, entre outras coisas, perceber se a Floresta Laurissilva, Património Natural Mundial, está a expandir-se ou a regredir. São dados com impacto direto na forma como gerimos o nosso território e preservamos o nosso património natural”.
Base científica para revisão do PROFRAM
O IFRAM3 será também a base científica indispensável para a revisão do Plano Regional de Ordenamento Florestal da RAM (PROFRAM). “Essa revisão só poderá avançar com dados atualizados, objetivos e consolidados — algo que este inventário nos vai finalmente proporcionar”, destacou Eduardo Jesus. “A floresta é um recurso natural, económico e social de enorme valor para a Madeira, e só com este tipo de conhecimento técnico poderemos assegurar a sua proteção e valorização futuras.”
Importa referir que a realização do IFRAM3 não está dependente de qualquer imposição legal externa. Trata-se de um trabalho de natureza exclusivamente técnica, promovido de forma proativa pelo Governo Regional. A sua execução é feita de acordo com o Decreto Legislativo Regional n.º 1/2025/M, que estabelece as bases jurídicas e metodológicas para a sua realização. O modelo adotado é compatível com os Inventários Florestais Nacionais e com os critérios internacionais definidos pelo Forest Resources Assessment da FAO, garantindo assim rigor, comparabilidade e qualidade dos dados.
Os dados obtidos permitirão não apenas uma gestão mais eficiente e sustentável das florestas da Madeira, mas também uma maior capacidade de resposta a desafios como a adaptação às alterações climáticas, a conservação da biodiversidade e o combate a espécies exóticas invasoras.
O Secretário Regional destaca ainda o valor deste instrumento para o futuro da Região: “Estamos a dotar a Madeira de uma base de dados florestal de referência, que servirá como suporte para políticas públicas sólidas e eficazes. Este é mais um exemplo de como a Região Autónoma da Madeira assume a liderança técnica e política na proteção dos seus valores naturais”.
À medida que os trabalhos entram na sua fase final, a Madeira prepara-se para dar um novo passo no planeamento e valorização do seu território florestal, consolidando o seu compromisso com uma gestão ambientalmente responsável e cientificamente fundamentada.
Nota enviada pelo Governo Regional da Madeira