Desenvolvimento rural, coesão territorial, agricultura, fixação de pessoas. Os dilemas do costume num país onde a desertificação de uma grande parte do território parece ser inevitável e sem solução à vista. Neste ponto não há fórmulas mágicas mas há, não duvidemos, muito a fazer para inverter esta marcha. No sul do país o fator água foi o propulsor para dinamizar milhares de hectares de agricultura moribunda ou inexistente em investimentos que trouxeram um inegável desenvolvimento agrícola à região. A garantia da autossuficiência no azeite, a instalação de pomares modernos, muitas e novas culturas hortofrutícolas, experiências falhadas, aprendizagens renovadas, e um novo olhar sobre o enorme potencial dos agronegócios. Mas também, uma nova geração que se revê numa agricultura moderna, tecnológica, organizada, orientada para o mercado, reconhecida e com notoriedade. Se a explosão ‘Alqueva’ conseguiu fixar populações e trazer desenvolvimento rural é outra questão que terá de ser analisada com seriedade. Mas o mérito de um investimento que tardou, mas foi o responsável por uma verdadeira ‘revolução agrária’, para citar o agricultor Joaquim Pedro Torres, tem de ser reconhecido.
Então e o resto do país, é paisagem? Parecia efetivamente ser, mas os últimos anos trouxeram boas notícias (notícias é obviamente força de expressão porque, na realidade, não se fala muito sobre a agricultura, muito menos no interior centro e norte do pais). Com o impulso de muitas autarquias, que é preciso ressalvar, a tónica foi a certa. Trazer empresas, porque sem empregos não se fixam pessoas, e criar condições de instalação para investimentos importantes, é apenas parte de uma estratégia que parece estar a dar resultados. Mas o interesse de muita gente em voltar às origens e uma nova geração de jovens agricultores que se identifica com tecnologia, sustentabilidade e não tem medo de parcerias e novos mercados está a ser decisivo.
A verdade é que deixamos de ter vergonha de dizer que somos agricultores. Deixamos de ter medo de arriscar no seguro e nas culturas e métodos de sempre. Deixamos de arranjar desculpas para não fazer. Mas é preciso agarrar com força esta oportunidade, eu diria, histórica, para dar a volta aos nossos agronegócios. E, já sabem, #agricultar com orgulho!