O prejuízo dos incêndios de agosto no município de Penedono é de “milhões de euros” disse hoje à agência Lusa a presidente da Câmara, destacando também os danos imateriais num concelho onde ardeu 95% do território.
“Na realidade, os prejuízos totais ainda não estão contabilizados, porque continuamos a fazer levantamentos, por exemplo, do equipamento e material municipal. Estamos a falar de muitos milhões de euros em todo o concelho, isto do que é material, porque não é contabilizável o prejuízo imaterial que sofremos”, sublinhou Cristina Ferreira.
A presidente da Câmara do Penedono, no distrito de Viseu, disse que, até hoje, 24 de setembro, foram “submetidas 467 candidaturas de apoio até aos 10 mil euros”, mas os técnicos “continuam no terreno a acompanhar e a receber mais agricultores e produtores”.
A autarca fazia à agência Lusa um balanço do incêndio que afetou o concelho no fim de semana de 15 de agosto e que “queimou 95% do território” e, logo na altura, “o sistema municipal registou 750 produtores” afetados.
“Ou seja, ainda há muito por declarar, mas do que já temos, estamos a falar de prejuízos de 4/5 milhões de euros (ME), porque submetemos a candidatura, mas já recolhemos os dados junto das pessoas sobre os prejuízos totais”, referiu.
A título de exemplo, Cristina Ferreira disse que um agricultor que “possa ter 100 ou 150 mil euros de prejuízo, mas nesta candidatura, só pode submeter até 10 mil euros, então os técnicos estão a recolher toda a informação para agilizar processos futuros”.
A autarca adiantou que, inicialmente, “o balcão de apoio aos incêndios, iria estar aberto até 30 de setembro, mas a data teve de ser prolongada, porque, “há muito mais pessoas que foram sinalizadas no sistema, antes de saber dos apoios”.
“De imediato, a Câmara de Penedono começou a comprar camiões TIR de palha trigo para dar aos produtores de animais” e “alimento para as abelhas”.
“Isto é um trabalho contínuo que ainda fazemos, os camiões não foram só nas primeiras semanas, continuam a ir, assim como o apoio ao Clube de Caça de Penedono e as sementeiras necessárias”, acrescentou.
Em reunião do executivo, “foi aprovado um apoio aos produtores de castanha, através de um protocolo com a Cooperativa Agrícola de Penela da Beira. que irá comprar fertilizante e dar apoio técnico”, adiantou Cristina Ferreira.
“A autarquia paga a 100%, mas esse é um trabalho que deve ser a cooperativa a fazer e gerir junto dos produtores de castanha. O fertilizante foi aconselhado por um especialista que fez uma sessão de esclarecimento junto dos produtores”, indicou.
Um apoio “extensivo aos produtores de oliveiras e de outros produtos endógenos do concelho” que, “agora, mais do que nunca precisam da visita dos turistas, apesar de a paisagem não ser o que era, mas para se manterem resilientes e não desistirem e continuarem a produzir os produtos de Penedono que têm tanta procura”.
O concelho “sofreu grandes danos no património, seja ambiental, que não é materializável e é imenso, foi 95% da área” que ardeu, como também “na sinalética, os percursos pedestres e toda a informação que continham”.
“Estamos a tratar das empreitadas para trocar toda a sinalética em todo o concelho. Vai ser toda trocada. Vamos reconstruir caminhos e muros que arderam, mas é tanta coisa que ainda não está o valor contabilizado”, admitiu.
O incêndio que afetou o concelho, “felizmente, não provocou danos em habitações nem indústria, “apesar de dois empresários residentes em Penedono terem sido afetados, mas têm os prejuízos alocados aos municípios em que tinham a empresa, de Penedono têm “todo o apoio e solidariedade”.
O fogo que chegou a Penedono teve origem em dois incêndios – um que deflagrou no dia 13 em Sátão, distrito de Viseu, e outro, no dia 09 em Trancoso, distrito da Guarda, e que no dia 15 se tornou num só, afetando um total 11 municípios dos dois distritos.
Esse incêndio entrou em resolução pelas 22:00 do dia 17.