O fogo que deflagrou no dia 15 de agosto no Douro Internacional afetou 3.300 colmeias, causando prejuízos de cerca de 350 mil euros em três concelhos, revelou hoje a associação de apicultores da região.
Em declarações à agência Lusa, Vitor Ferreira, técnico da Associação de Apicultores do Douro Internacional (AADI), disse à Lusa que há prejuízos avultados, porque ardeu tudo tão rápido e as abelhas ficaram sem alimento em 3.300 colmeias instaladas no concelho de Freixo de Espada à Cinta, Torre de Moncorvo e Mogadouro, no distrito de Bragança.
“Há prejuízos avultados que, nesta fase, rondam os 350 mil euros neste concelho. Temos o levantamento feito e aponta para as 3.300 colmeias que arderam ou ficaram muito danificadas, num fogo que lavrou de forma muita rápida, com grande impacto ambiental na flora autóctone”, explicou o técnico da AADI, com sede em Mogadouro.
Vitor Ferreira acrescentou que, apesar dos apiários estarem localizados em zona de mosaico florestal, em vinha ou amendoal, a força do fogo, tocada a vento, levou tudo na sua frente, ao longo de três dias.
“Os enxames depressa ficaram sem alimento, o que se transformou numa situação muito difícil para os apicultores deste território. As abelhas morreram, outras desapareceram e toda a flora desapareceu”, explicou o também apicultor.
Nos cálculos de Vitor Ferreira, só daqui a três ou quatros é que o potencial produtivo dos apiários estará em pleno, dependendo sempre das chuvas para a regeneração da flora autóctone desta área protegida.
“Esta área abrangida pelo fogo está totalmente desertificada e danificada pelo poder das chamas”, frisou.
Para o técnico e apicultor, o futuro do setor apícola neste território é muito incerto, “porque há apicultores que vão abandonar a atividade, porque os custos para a alimentação artificial e manutenção dos apiários são elevados”.
Agora, as abelhas neste território terão que ser alimentadas à base de composto de açúcar e melaço, o que se torna dispendioso.
“Apesar dos esforços dos bombeiros neste incêndio, pouco ou nada havia a fazer porque as chamas lavraram com grande intensidade”, sublinhou.
Vitor Ferreira descreveu que, apesar de haver zonas limpas de vegetação mais elevada, a erva seca que ficou no terreno fez o fogo andar com muita rapidez.
“Já falámos com os municípios da área do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), para tentar uma ajuda para a alimentação artificial das abelhas que sobreviveram. Sempre que há um fogo no interior, é sempre uma machadada para a economia agrícola”, disse.
Vitor Ferreira assinalou que não há muito para onde mudar os apiários, porque a área ardida neste incêndio é muito vasta.
O incêndio do Douro Internacional deflagrou a meio da tarde do dia 15 de agosto, em Poiares, no concelho de Freixo de Espada à Cinta, e depressa se alastrou aos concelhos vizinhos de Torre de Moncorvo e Mogadouro, deixando um rasto de destruição nas pastagens e em culturas como o olival, amendoal, vinha, laranjal, floresta e colmeias.
Segundo dados provisórios da GNR, arderam cerca 12 mil hectares nos concelhos de Freixo de Espada à Cinta, Torre de Moncorvo e Mogadouro, num incêndio que chegou a ter cerca de 400 operacionais no terreno e a ausência de meios aéreos, devido às condições climatéricas que se fizeram sentir.
Dados do relatório nacional provisório do Sistema de Gestão de Informação de Incêndios Florestais (SIGF) a que a agência Lusa teve acesso indicam que, até 24 de agosto, há 11.697 hectares de área ardida no fogo que teve início no concelho de Freixo de Espada à Cinta.