O presidente da Câmara de Sernancelhe, Carlos Santos, assegurou hoje à agência Lusa que os filtros naturais colocados nas linhas de água garantem a qualidade para consumo nos três municípios abastecidos pela barragem Vilar-Tabuaço.
“É uma solução de base natural. No fundo, foi criada uma bacia de retenção e há um desvio de uma linha de água, que é filtrada nessa retenção em dois níveis. Num primeiro, ficam cinzas e, num segundo filtro, a água passa e já retoma à sua linha natural”, adiantou Carlos Santos.
À agência Lusa, o presidente da Câmara esclareceu que a retenção é feita “em três pontos chave, de maneira a captar todas as cinzas a montante”.
Neste sentido, especificou que um é “no próprio rio Távora, em Vila da Ponte, que apanha tudo a montante”.
“Há também uma outra bacia de retenção numa ribeira, um afluente do rio Távora, e uma terceira numa ribeira em Ferreirim [Sernancelhe]. Esses três pontos garantem que a maior parte das cinzas não escorram para o rio Távora”, assegurou.
Questionado sobre o risco de contaminação na água para consumo, o presidente de Sernancelhe afirmou que “não há risco”, uma vez que depois também se vai “garantir que a estação de captação das Águas do Norte faça o seu trabalho de desinfeção e que a qualidade da água se mantenha com a garantia ideal para consumo humano”.
A albufeira da barragem de Vilar – Tabuaço abastece três concelhos do distrito de Viseu: Sernancelhe, Moimenta da Beira e Tabuaço. Os incêndios de agosto afetaram os três municípios e toda a zona envolvente dessa albufeira.
Carlos Santos disse ainda que, com este trabalho está a ser “protegida a flora e fauna, peixes e outras espécies, para que não fiquem afetadas pelas cinzas”.
Estes trabalhos, que começaram há uma semana, estão agora a ser concluídos.
“A manutenção que terá de ser feita, para ser retirada a cinza que vai acumulando, será da responsabilidade da autarquia”, disse o presidente da Câmara de Sernancelhe.
Carlos Santos falava no final de uma visita do presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Pimenta Machado, que assegurou à agência Lusa que este trabalho “está a ser feito em todas as zonas afetadas” pelos incêndios de agosto.
“Para proteger a qualidade da água e, em particular, os locais onde existe captação de água para abastecimento público”, como é o caso da barragem de Vilar – Tabuaço, afirmou Pimenta Machado.
Um trabalho com “alguma inovação, com recurso sempre a soluções de base natural” e quando chover, disse, “a escorrência das águas vai ser depositada nessa bacia e depois devolvida à albufeira, sempre com a lógica de evitar a contaminação da água”.
Pimenta Machado destacou ainda que este “é o trabalho de emergência que tinha de ser feito já, antes das chuvas fortes, que são agora a grande preocupação, depois há um outro a realizar, mais estruturado, como a recuperação do leito e outras infraestruturas”.
“Nós, APA, vamos reforçar a monitorização para garantir que a água que está a chegar às captações tem qualidade. Isto é, vamos aumentar a frequência, o número de parâmetros físico-químicos para controlar a qualidade das massas de água. É um trabalho muito importante”, realçou Pimenta Machado.