O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas mostrou-se hoje disponível a mitigar danos causados por veados em castanheiros no Parque Natural de Montesinho, mas os prejuízos têm de ser suportados pela zona de caça.
A Lusa noticiou na segunda-feira que dezenas de castanheiros foram destruídos por veados na aldeia de Cova de Lua, com os agricultores afetados, a Comunidade de Baldios e a Junta de Freguesia, que é responsável pela zona de caça, a reclamarem medidas e apoios.
Contactado pela Lusa, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), tendo em conta estes estragos, referiu que “está disponível para dar o seu contributo para a mitigação destes danos, tendo em vista a compatibilização da atividade agrícola com a salvaguarda da biodiversidade, com recurso a medidas de proteção das culturas aquando da sua instalação, bem como outras ações de gestão de habitats que promovam áreas de alimento para a espécie em locais afastados das culturas agrícolas”.
No entanto, no que toca aos prejuízos, estes devem ser suportados pela zona de caça, ou seja, pela Junta de Freguesia de Espinhosela, à qual pertence Cova de Lua.
O presidente da junta, Octávio Reis, já tinha adiantado à Lusa que as zonas de caça não têm capacidade financeira para o fazer, solicitando ajuda ao ICNF.
Confrontado com esta situação, o ICNF esclareceu que “quando os terrenos estão inseridos em zonas de caça ou na sua vizinhança, os danos causados por espécies cinegéticas, como o veado, nas florestas, na agricultura e na pecuária são responsabilidade das respetivas entidades titulares, a menos que o Estado, através do ICNF, não lhes tenha autorizado as correções de densidade quando solicitadas”.
A 07 de agosto, a junta de freguesia solicitou um pedido para matar dois veados, como medida preventiva, uma vez que, no ano passado, foram destruídos centenas de castanheiros no concelho de Bragança por estes animais.
Porém, a resposta a esse pedido só foi dada mais de um mês depois, em 15 de setembro, depois dos prejuízos já causados.
A autorização só foi concedida para o abate de um animal: “Tendo em conta que a zona de caça municipal se encontra inserida no Parque Natural de Montesinho, em área de atividade do lobo ibérico, apenas foi autorizado o abate de um exemplar”, explicou o ICNF, acrescentando que se os prejuízos continuarem deverá ser feito “novo pedido” para abate.
O ICNF referiu ainda que, face à “abundância da espécie em causa, a entidade gestora da zona de caça municipal poderá proceder a estudos com vista à alteração do seu Plano de Gestão para a sua eventual introdução na listagem de espécies cinegéticas a explorar”.