As hortas comunitárias são um fenómeno em crescendo. Permite que as pessoas regressem ao contacto com a terra, fomenta a interação social, possibilita a investigação e aumenta a sustentabilidade da região. Mas, para que isso aconteça, é preciso organização, logística e desenho dos terrenos, assim como formação e acompanhamento dos horticultores.
As hortas comunitárias e/ou urbanas estão cada vez mais presentes no panorama português e continuam a ganhar terreno. Por um lado, garantem que as famílias que as trabalham têm acesso a produtos (supostamente) frescos e de boa qualidade e, ao mesmo tempo, asseguram a existência de mais espaço verde nas cidades, o que é benéfico para a qualidade do ara também para a sustentabilidade, no geral.
Veja-se o caso de Cascais, por exemplo. A primeira horta comunitária surgiu em 2019, no âmbito da reabilitação de um espaço municipal, o Bosque dos Gaios. Como explica a Cascais Ambiente, esta reabilitação foi efetuada com o envolvimento da população local, que foi chamada através de sessões de participação a decidir que valências gostaria de ver no espaço. A escolha recaiu na horta e o espaço do Bosque dos Gaios e começou com seis parcelas. Cascais dava o primeiro passo para as Hortas Comunitárias e uma estratégia mais ampla e abrangente.
A agricultura de proximidade faz todo o sentido como potenciação de uma economia mais circular.
Pedro Horta
Associação ambientalista Zero
“Em gestão comum ou talões individuais, em espaços periurbanos e urbanos, a agricultura de proximidade faz todo o sentido como potenciação de uma economia mais circular, redução da pegada dos alimentos e promoção da resiliência alimentar e da ligação ao território”. É desta forma que Pedro Horta, da Zero, explica o fenómeno, acrescentando que, dado o aumento do preço de vários bens alimentares, o cultivo para alimentação própria é, por vezes, uma atividade de recurso para estabilizar as contas.
Mas essa não é a única razão, embora seja provavelmente a principal. Há uma crescente preocupação por parte do consumidor em querer saber mais sobre os produtos que ingere. Como foi produzido o alimento, se levou químicos e qual a sua pegada associada. “O aumento do número de hortas urbanas e periurbanas é uma oportunidade de reconhecer publicamente a pequena agricultura familiar e comunitária como fundamental, sem com isso deixar de corrigir as pressões socioeconómicas que recaem sobre as famílias e cidades”, constata o ambientalista da Zero.
O processo nem sempre é fácil ou isento de desafios. Por um lado, as cidades têm de encontrar um terreno (ou terrenos) onde alojar as horas e, por outro, há que garantir pelo menos alguma formação aos “novos” agricultores por forma a serem utilizadas boas práticas de cultivo. Diga-se, evitar usar químicos e saber escolher as espécies a plantar, entre outras regras.
A melhor forma de perceber quais os principais desafios e a forma como estes foram ultrapassados é olhar para municípios com algum histórico. No caso de Cascais a adesão foi substancial e em menos de um ano o município foi obrigado a criar mais duas hortas. Neste caso específico Cascais optou por hortas comunitárias (e não urbanas) porque consideraram que era essencial a componente de participação e envolvimento.
Segundo a Cascais […]