Agricultores de Castedo do Douro, concelho de Alijó, queixaram-se hoje de elevados prejuízos na vinha e olival devido à chuva intensa e queda de granizo que já ocorreram duas vezes no espaço de uma semana.
“Esta ainda foi pior do que a primeira, mas muito pior. Tem sido um sufoco, andamos com o coração na mão todos os dias”, afirmou à agência Lusa José Carlos Sousa Pimentel.
A primeira trovoada que trouxe granizo e chuva intensa aconteceu no dia 28, repetindo-se na segunda-feira.
Este produtor disse que tem entre 30 a 40 hectares de vinha afetada, de um total de 60 hectares e de onde, no ano passado, colheu 300 pipas de vinho (500 litros).
Referiu ainda que não tem seguros porque “são muito caros”.
A família de André Pinto tem três hectares de vinha e 1,5 de olival.
“Na primeira vez três parcelas tinham sido afetadas e agora, neste momento, tenho a totalidade das parcelas afetadas com o granizo e mais de 70% da produção de azeite, como de vinho, foi perdida. Ou seja, o que nos restava foi perdido ontem (segunda-feira)”, referiu este produtor que é também membro do executivo da União de Freguesias de Castedo e Cotas.
Alguns agricultores temem não ter sequer uvas suficientes para preencher o benefício, ou seja, a quantidade de uvas que cada um pode transformar em vinho do Porto e que é uma importante fonte de receita.
“Tenho a certeza que isso vai ser uma realidade”, afirmou André Pinto.
Na área da freguesia descreve ainda caminhos agrícolas afetados e desmoronamento de muros. “A situação é complicadíssima”, frisou, explicando que não é possível fazer balanço porque os alertas de mau tempo se mantêm.
André Pinto esta manhã voltou a aplicar cálcio na vinha para ajudar a cicatrizar a planta, um tratamento que já tinha feito na semana passada.
Mas também é preciso, explicou, fazer tratamentos contra o oídio e míldio, doenças que atacam a vinha e que podem surgir devido ao aumento da humidade nos solos.
É precisamente para prevenir o granizo que o município de Alijó, no distrito de Vila Real, quer colocar em funcionamento um sistema que transforma a pedra de gelo em água, num investimento de 1,2 milhões de euros que deverá estar instalado em menos de um ano.
“Estamos verdadeiramente empenhados em evitar os recorrentes estragos provocados pelo granizo que quase todos os anos afetam os nossos produtores. O projeto vem, assim, responder às constantes queixas dos viticultores e produtores de azeite da região que se veem a abraços com avultados prejuízos sempre que os terrenos são fustigados pela queda de granizo”, afirmou o presidente da Câmara, José Rodrigues Paredes.
A nova tecnologia consiste na utilização de um radar de grande amplitude que, conjugado com a instalação de 24 estações meteorológicas fixas em locais estratégicos e previamente estudados pela equipa técnica, vai permitir detetar com antecedência a aproximação da massa de ar que será responsável pela queda de granizo.
Perante esta ameaça, é emitido de imediato um sinal para as estações meteorológicas que, na presença desta informação, disparam para a atmosfera um balão de hélio, que transporta uma carga de sais minerais capazes de dissolver o gelo, caindo água em vez de granizo.
O projeto prevê um nível de eficácia “na ordem dos 80%” e envolve a Câmara de Sabrosa e a Associação dos Viticultores profissionais do Douro (Prodouro).
Este novo sistema será apresentado durante a Feira dos Vinhos e Sabores dos Altos, que decorre entre 16 e 18 de junho, em Alijó.