Um estudo da Pesticides Action Network Europe (PAN), que analisou as águas superficiais europeias de 12 países, revelou que o valor mais elevado por contaminação com glifosato se situava em Portugal, mais precisamente em Idanha-a-Nova. Escolheu-se Idanha por ser uma Bio-região em que a área de amendoal intensivo, e a aplicação de pesticidas, não pára de crescer.
A PAN Europe é uma federação de organizações não governamentais de Ambiente (ONGA), que reúne 48 ONGA de 28 países europeus. Em Portugal os resultados foram divulgados pela Plataforma Transgénicos Fora (PTF). O Presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, Armindo Jacinto, reagindo, de forma célere e louvável, anunciou logo de seguida ter encomendado “um estudo independente e credível com a monitorização de indicadores ambientais na biorregião de Idanha-a-Nova onde se inclui o glifosato”.
A PTF felicitou a iniciativa e, em 28 de Setembro de 2023, enviou recomendações à autarquia para garantir resultados fidedignos. Essas recomendações foram completamente ignoradas e o comunicado, divulgado pela Câmara Municipal de Idanha-a-Nova em 4 de Dezembro, declarava que as análises feitas pelo Centro Tecnológico das Indústrias do Couro (CTIC) “desmentem totalmente o estudo divulgado em setembro último pela Plataforma Transgénicos Fora”.
A contaminação detectada pela PAN foi encontrada em águas superficiais, mas a Câmara só analisou a água de abastecimento público e de captação subterrânea (furo) no mesmo local, que se sabe estar mais protegida de contaminação. E, com base nesses resultados, comparando o que não é comparável, concluiu em comunicado de imprensa que, afinal, não há contaminação por glifosato nas águas superficiais do concelho.
Dada a gravidade da situação, a PTF questionou o Engº Armindo Jacinto na Assembleia Municipal (AM) de Dezembro último (Ver pag. 380 a 383) e o responsável autárquico não só evitou as perguntas como inverteu a situação, declarando-se vítima de uma conspiração: o estudo da PAN não teria, afinal, outra finalidade senão o de “denegrir” Idanha e a marca “Fonte Insonsa”, pertença da sua mulher. Quando a premiada bio-região europeia, está a tornar-se o paraíso agrícola dos activos financeiros, este desmentido infundado parece querer distrair a opinião pública do que realmente se passa em Idanha, a não ser que haja um novo conceito de Bio-região que integra os amendoais intensivos de regadio.
A PTF tem estado a reunir informação, desde Dezembro, para intervir agora de forma fundamentada e clara junto da opinião pública visando contribuir para a tomada urgente de medidas efectivas, que estão a ser proteladas há demasiado tempo. É, assim, endereçada uma carta aberta ao Presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, expondo a situação e exigindo a divulgação do relatório das análises feitas pelo CTIC em Setembro 2023, juntamente com a prova da sua acreditação e, o mais importante e urgente, a contratualização da monitorização independente de indicadores ambientais, ao CoLAB Food4Sustainability, anunciada já há um ano.
Fonte: PTF