Em entrevista ao programa da TSF “Verdes Hábitos”, Anna Jørgensen fala sobre o desafio de converter uma vinha para o modo biológico.
Anna Jørgensen é filha de uma americana e de um dinamarquês, mas foi no meio das videiras do Alentejo que criou raízes. Correu o mundo em busca de conhecimento e, há dois anos, regressou a Portugal para tomar conta do negócio da família e converter para o modo biológico a vinha onde é produzido o Cortes de Cima.
Em entrevista ao programa da TSF “Verdes Hábitos”, Anna Jørgensen lembra que “a natureza por si, sem intervenção do Homem, normalmente é um ecossistema equilibrado”. Por isso, os produtores devem esforçar-se por “perceber a natureza e os mecanismos das plantas e da microbiologia dos solos para respeitar essa harmonia”.
Os desequilíbrios provocados pelo Homem, como “químicos, pesticidas e herbicidas”, não são permitidos no cultivo biológico. Assim sendo, é necessário arranjar soluções como os cobertos vegetais, ou seja, “plantas semeadas entre as linhas da vinha” para dar mais vida ao solo, nomeadamente “leguminosas e gramíneas que vão atrair insetos beneficiais”.
Converter uma vinha para o modo biológico é um desafio, mas a principal dificuldade é humana: “O que nós sentimos é que a nossa equipa de vinha estava habituada a não ver, por exemplo, ervas na própria vinha. Usavam-se herbicidas para as eliminar. Agora, a erva coexiste com as vinhas e elas até podem parecer meio abandonadas, mas não estão. É uma mudança a nível psicológico da equipa para perceber o que se está a fazer e acreditar naquilo.”
Neste momento, a vinha já está toda em conversão e os primeiros vinhos biológicos serão produzidos em 2022.
O artigo foi publicado originalmente em TSF.
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