Município tem interesse em ficar com esse património mas não aceita as condições impostas pela administração central.
A Câmara de Rio Maior tem interesse num eventual aproveitamento das antigas instalações do IVV (Instituto do Vinho e da Vinha) na cidade, há muito devolutas, mas não aceita as condições fixadas pelo Estado para assumir a sua tutela. Em causa está a condição imposta pelo Estado de a autarquia ter que apresentar um projecto para aquele espaço com viabilidade financeira a três anos. “Parece que estão a negociar com grupos privados com interesses difusos”, desabafou o presidente do município, Filipe Santana Dias (PSD), na último reunião do executivo.
O autarca recordou que o município teve possibilidade de ficar com esse espaço ao abrigo do processo de delegação de competências da administração central para as autarquias, mas essa imposição inviabilizou o acordo. “Ainda que fosse para uma rede de hotéis, impor um prazo de três anos não é lógico num investimento desta natureza”, disse Filipe Santana Dias.
O assunto foi levantado pelo vereador Daniel Pinto (PS), que apelou ao presidente para que “não desista” das antigas instalações do IVV, um “espaço desaproveitado e degradado” que, na sua óptica, pode ser recuperado e posto ao serviço da cultura e turismo. E sugeriu até que poderia albergar entidades como a associação Ephémera e a Fundação António Quadros.
Estado pediu valor “absurdo” pelas instalações
Desactivado há alguns anos aquele património do Estado vai-se degradando, à semelhança do que tem acontecido com outras instalações do IVV da região, nomeadamente em Alpiarça, Cartaxo ou Santarém. Já em Maio de 2016 o assunto tinha sido falado em reunião de câmara por iniciativa de Daniel Pinto, com a então presidente da câmara, Isaura Morais (PSD), a explicar que tinha havido contactos junto do IVV, quando aquele património ainda estava na posse do Ministério da Agricultura, para avaliar a possível aquisição das instalações por parte do município. No entanto, o valor que na altura foi pedido à autarquia “era completamente absurdo”, afirmou a ex-autarca.
Posteriormente, os imóveis passaram para a posse do Ministério das Finanças, o que tornou “ainda mais difícil” a possibilidade de um acordo entre município e administração central. Em Setembro de 2016, o presidente do IVV, Frederico Falcão, reconhecia a O MIRANTE que o estado de abandono de alguns imóveis pertença do instituto não era muito abonatório para a imagem desse organismo público e afirmava estar empenhado em reverter o cenário, apesar de admitir que o contexto de crise que se vivia não era favorável.
O artigo foi publicado originalmente em O Mirante.