A transferência de água entre bacias tem sido encarada como uma hipótese para enfrentar a escassez de recursos hídricos no sul do país. Mas esta solução acarreta riscos e está longe de ser consensual.
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Apesar disso, há quem vá apontando o caminho para que Portugal consiga fazer uma melhor gestão da sua água, criando infraestruturas que permitam fazer chegar este recurso aos locais onde se registam as maiores carências.
Uma das soluções que tem sido apresentada para combater a seca é o transvase da água, isto é, a transferência de água entre bacias. Este género de infraestruturas consiste na criação de canalizações, abertas ou fechadas, dependendo dos quilómetros que a água vai ser transportada e da evaporação existente nas respetivas zonas, que liguem diferentes locais. A hipótese não é nova, mas tem sido recuperada nos últimos tempos. Um dos defensores desta ideia é Carlos Mineiro Aires, antigo bastonário da Ordem dos Engenheiros. Quando relançou esta discussão, no ano passado, mereceu a reprovação dos seus pares, nomeadamente de Joaquim Poças Martins, como escreveu o i na altura.
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) também chegou a defender a construção de novas ‘autoestradas da água’ com o transvase de afluências de norte para sul do país.
A verdade é que já existem transvases em Portugal, mas a relutância em relação a esta questão continua a ser muita.
“Transvases sempre houve, há um no Alqueva, da bacia do Guadiana para a bacia do Sado, há outro na Cova da Beira, da bacia do Douro para a bacia do Tejo. Agora, os receios começaram a aparecer quando houve algumas experiências que deram alguns problemas, nomeadamente em Espanha, que tinham que ver com a qualidade da água”, explica ao i António Carmona Rodrigues.
Há vários anos que ambientalistas denunciam o agravamento da poluição das águas provenientes de Espanha, sobretudo no rio Tejo.
O engenheiro hídrico e antigo ministro das Obras Públicas, que foi recentemente designado para o cargo de presidente […]