A empresa Heliodon, de origem francesa, vai investir 10 milhões de euros em Cabo Verde para produzir diariamente, com técnicas de condensação, 2.000 metros cúbicos de água para agricultura, segundo um memorando de entendimento assinado hoje na Praia.
“É uma tecnologia mais económica (…) Com 2.000 metros cúbicos de água conseguimos regar uma área muito significativa, que pode vir a reduzir o custo de água para a rega”, explicou a presidente da empresa estatal cabo-verdiana Água de Rega (AdR), Ângela Moreno, após a assinatura deste acordo com a empresa de origem francesa.
O projeto prevê a instalação de capacidade de produção em todo o arquipélago em três anos, mas a fase piloto arrancará numa área ainda em prospeção, na ilha de Santiago, prevendo um investimento global da Heliodon de cerca de 10 milhões de euros.
“Vem com os seus recursos financeiros, vem também com os seus equipamentos, faz parceria com a AdR. Nesta parceria a empresa produz água para a AdR, nós negociamos a água. Ela não está aqui para vender a água, mas está aqui para produzir água”, explicou Ângela Moreno, em declarações aos jornalistas.
A produção de água por condensação, a partir do ar, apresenta baixos custos de energia, podendo chegar ao consumidor a preços mais baratos, admitiu a presidente da AdR: “Este protocolo é para instalação de toda aquela tecnologia de obtenção de água pela via da evaporação, também a construção de reservatórios de armazenamento, adução e depois a venda do produto”.
O presidente da Heliodon, François Mario Manza, destacou tratar-se de uma “tecnologia inovadora”, que se estreia no arquipélago e que poderá permitir uma “grande produção” de água potável em Cabo Verde, com a instalação a arrancar em janeiro do próximo ano.
“Esperamos iniciar a fase de produção em fevereiro de 2024”, destacou, na cerimónia de assinatura deste memorando de entendimento com a empresa estatal cabo-verdiana.
A AdR foi criada pelo Governo cabo-verdiano em 2020 para aumentar o fornecimento de água para a agricultura, nomeadamente através de soluções alternativas, face às secas consecutivas que afetam o arquipélago.
“Nós aceitamos e estamos disponíveis a testar e a usar qualquer tecnologia que seja viável e que promova mais água para a agricultura. Nós estamos neste momento a executar um programa com a Hungria, de 35 milhões de euros, que consiste na mobilização de água do mar para agricultura pela via da dessalinização”, recordou a presidente da AdR.
Em Cabo Verde, o projeto terá um período de implementação de três anos, para validação total, durante o qual a água produzida por condensação já estará disponível para comercialização.