O borrego “reina” na Páscoa em Portugal, mas uma empresa do Alentejo que tem sempre 45 mil ovinos disponíveis para vender quer quebrar essa sazonalidade e nem a pandemia de covid-19 tem travado o negócio.
A Páscoa, mas também o Natal, são sempre “uma altura em que há muita procura” e “há muita oferta, em que se consome o borrego em Portugal”, admite agência Lusa o diretor de produção da empresa familiar Pasto Alentejano, Tiago Serralheiro.
A empresa, localizada em Sousel, no distrito de Portalegre, tem 150 funcionários e é a maior entidade empregadora privada do concelho. Nas suas instalações, conta com um “efetivo constante” de 45 mil ovinos, em regime de engorda, para vender quando chegam ao peso pretendido.
“Temos a exploração sempre no máximo para podermos rentabilizar os investimentos ao máximo e também dar segurança aos produtores”, ao nível “do escoamento do produto, independentemente da altura do ano”, frisa Tiago Serralheiro.
Por isso, o “desafio” que a empresa tem encarado de frente passa por “quebrar um bocado” aquilo que é a sazonalidade associada à carne de borrego, para que “também noutras alturas do ano” os criadores destes animais “possam produzir”, relata.
Com uma faturação de 40 milhões de euros em 2020, graças ao mercado interno e às exportações para vários países europeus, como Itália, Grécia, Bulgária ou França, e para o Médio Oriente, como Israel, Catar ou Bahrein, a empresa “respirou saúde” no ano passado, apesar da covid-19.
“O resultado tem sido muito positivo, ou seja, o ‘boom’ da covid-19 foi há um ano e os resultados da empresa têm vindo cada vez a melhorar mais”, salienta Tiago Serralheiro.
A pandemia “não afetou o negócio”, porque a Pasto Alentejano procurou “outras soluções, outros mercados, outro tipo de produtos”. Por isso, “até à data, é uma batalha vencida”, mas não está tudo feito: “O trabalho continua, as coisas estão a mudar muito rapidamente no nosso setor e temos que estar na linha da frente”.
Metade da produção anual destina-se ao mercado nacional e a outra metade ao estrangeiro. A empresa conta com a colaboração de mais de dois mil produtores portugueses e de uma “pequena fatia” de espanhóis, que também vende os seus ovinos à Pasto Alentejano.
Chegados à exploração, os animais passam numa zona de receção, onde são admitidos e devidamente organizados, e seguem para uma outra zona de desenvolvimento, onde permanecem entre 30 a 60 dias, sendo depois retirados e alguns abatidos no antigo matadouro de Sousel, também da empresa.
A parte da produção constituída por animais vivos é a que segue para o mercado do Médio Oriente, onde o consumo de borrego é uma das principais fontes alimentares.
Em Portugal, a empresa fornece grandes superfícies e também o comércio a retalho, principalmente na área de Lisboa.
Filipe Serralheiro, também bisneto do fundador da empresa, na qual é diretor industrial, indica à Lusa que, “nos últimos cinco anos”, verificou-se “um crescimento de cerca de 10% a cada ano” na faturação.
“Fomos gradualmente crescendo 10% e, no ano passado, chegámos a um volume de faturação de 40 milhões, o que já é bastante bom”, observa.
O empresário, na linha da frente do negócio com o seu primo Tiago, o seu pai e o tio, aponta que as exportações, nos últimos anos, tiveram um “peso significativo” no volume de negócios.
“Estávamos muito vocacionados para o mercado nacional, trabalhávamos muito com o retalho e algumas grandes superfícies, mas a exportação veio abrir novas portas, ou seja, o mundo inteiro onde se pode consumir a carne de borrego”, ilustra.
Manifestando-se preocupado em manter na empresa “o bem-estar animal”, o empresário revela que estão a desenvolver no antigo matadouro um conjunto de alterações na estrutura, porque o mercado externo tem uma “maior exigência, uma maior qualidade, um maior controlo” em relação a todo o tipo de carnes.
“E queremos implementar mais postos de trabalho”, acrescenta, realçando que, na sequência da pandemia de covid-19, a empresa fez “um esforço” e “não despediu nenhum” funcionário. Também “muito poucas” pessoas ligadas à Pasto Alentejano ficaram em teletrabalho e não foi necessário recorrer ao “lay-off”.
“Continuámos sempre a laborar e temos projetos de ampliação na nossa estrutura, que irá ter pelo menos mais 50 a 70 trabalhadores”, avança.