O presidente da CAP diz que este não é o momento certo para fazer alterações à lei laboral, ao contrário do que é intenção do Governo. Oliveira e Sousa avisa que economia ainda não está estável.
Já arrancam as negociações para o Orçamento do Estado 2022 (OE 2022), num ano que será marcado pelas eleições autárquicas, que podem mudar o xadrez político. Ao longo deste verão quente o ECO vai ouvir Governo, partidos, parceiros sociais e empresários sobre um Orçamento que ainda não tem aprovação garantida e que está a ser desenhado no meio de uma pandemia. Leia aqui todos os textos e as entrevistas, Rumo ao OE.
A legislação laboral tem de ser estável ou poderá vir mesmo a funcionar como um “estímulo invertido” à criação de emprego. Quem o diz é Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que, em entrevista ao ECO, salienta que é um “péssimo sinal” que as mudanças ao Código do Trabalho corram agora o risco de serem uma espécie de “moeda de troca” para que o Governo consiga aprovar o próximo Orçamento do Estado à esquerda.
O representante dos agricultores conta, ainda, como o seu setor foi afetado pela crise pandémica, destacando que, no último ano e meio, fizeram falta medidas mais específicas. Ainda assim, a agricultura chegou ao fim de 2020 com resultados positivos. Mostrou resiliência, defende o presidente da CAP.
Esta é uma de três partes da entrevista de Eduardo Oliveira e Sousa ao ECO. Nas restantes, o líder da CAP fala do salário mínimo nacional, de Odemira e do trabalho temporário, dos impostos, do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e da Política Agrícola Comum (PAC).
Que impacto teve a crise pandémica na agricultura? Foi um dos poucos setores que não parou.
Numa fase inicial, em que entrámos em confinamento absoluto, a agricultura [em geral] não parou, mas houve setores que pararam, como o das flores e das plantas ornamentais. Nesse setor que lida com seres vivos [as plantas e as flores], as empresas tiveram de continuar a trabalhar [apesar de não haver negócio]. Aí houve alguma dificuldade, porque o lay-off não se adequava. O lay-off é para as empresas que pararam. Aquelas empresas não pararam, mas deixaram de vender. Por isso, algumas entraram em colapso financeiro e foi necessário recorrer, por exemplo, a linhas de crédito, que o Governo demorou meses a implementar. Foi muito pouco eficaz. Um outro setor [afetado] […]