Os desafios do sector agroindustrial português e as respostas que os produtores estão a dar aos (grandes) desafios provocados pela pandemia estiveram em destaque na cerimónia de atribuição das distinções da sétima edição do Prémio Intermarché Produção Nacional. Saiba quem são os seis vencedores e as duas menções honrosas
As dificuldades são maiores do que nunca mas os produtores nacionais não baixam os braços e respondem com inovação e soluções alternativas às condicionantes resultantes da pandemia. Os melhores exemplos do sector estiveram em destaque na cerimónia de atribuição das distinções da sétima edição do Prémio Intermarché Produção Nacional, a que o Expresso se associa, e que hoje teve lugar no edifício do grupo Impresa.
A entrega foi feita à distância, com os vencedores a receberam a notícia no seu local de trabalho, seja no escritório ou literalmente dentro de um lagar de azeite, até porque, como foi repetido várias vezes ao longo do evento, a produção não pode parar e um pouco por todo o país o trabalho continua. Entre os obstáculos no escoamento de produtos e a maior preocupação com a sustentabilidade, por exemplo, a pandemia acelerou uma série de processos e colocou uma série de questões a que os produtores tentam dar resposta, sem esquecer as oportunidades que advêm da necessidade.
A cerimónia (que teve transmissão em direto no Facebook do Expresso) foi conduzida pela jornalista da SIC, Patrícia Carvallho, e contou com a presença de Martinho Lopes, administrador do Intermarché; Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED; Virgílio Almeida, vice-presidente da Faculdade de Medicina Veterinária; Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal; Cláudia Marques dos Santos Cordovil, professora do Instituto Superior de Agronomia; Carlos Figueiredo, vogal do Conselho de Administração da Docapesca; Paula Silva, presidente da Quercus; e Nuno Russo, secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural. Veja a lista completa dos vencedores a seguir às conclusões do evento e saiba tudo em pormenor na edição impressa do Expresso, amanhã (27 de novembro) nas bancas.
Tópicos
Escoamento
- A pandemia provocou uma disrupção súbita nas redes de distribuição e na hotelaria e restauração (o chamado canal Horeca), que se contam entre os principais clientes do sector
- De um momento para o outro, os produtores viram-se sem possibilidades de escoar produtos e enfrentaram uma quebra repentina nos rendimentos face a custos que se mantiveram constantes e, em alguns casos, aumentaram
- Foi preciso ajudas de emergência por parte das associações e do governo para fazer face à situação no imediato e cujo impacto ameaça continuar a fazer-se sentir. “Os sistemas agroalimentares enfrentam grandes desafios”, admitiu Nuno Russo
Cadeia de proximidade
- Confrontados com a quebra dos habituais canais internacionais de distribuição, o retalho e os consumidores começaram a dar mais atenção aos produtos portugueses
- As ligações com os produtores locais fortalecerem-se e os protagonistas do sector sentem que estamos perante uma alteração que veio para ficar
- A mudança pode significar, a longo prazo, mais espaço para mais produtos portugueses e contribuir para o aparecimento de novos produtores
Novas tecnologias
- As restrições na circulação obrigaram também à criação de novas plataformas digitais para agilizar a relação com o consumidor
- Seja do maior retalhista ao produtor mais pequeno, todos olham com atenção para as novas tecnologias como uma forma mais eficaz de colocar novos produtos em casa dos clientes
- É importante usar a “tecnologia para fazer uma revolução”, avança Cláudia Marques dos Santos Cordovil
Alimentação saudável
- A pandemia chamou ainda mais a atenção para a necessidade de promover hábitos de alimentação mais saudáveis e os produtores aproveitaram a deixa
- Há mais oportunidades, mais produtos e vontade de trabalhar neste mercado
- Portugal está numa boa posição com os agricultores nacionais a lançarem cada vez mais alternativas saudáveis
Consciencialização para a sustentabilidade
- As preocupações ambientais são também já um pano de fundo sempre presente na atividade agrícola
- “É importante as pessoas pensarem na pegada ecológica do que estão a comprar”, avisa Virgílio Almeida
- Iniciativas europeias como o Green Deal ou o “Farm to Fork” prometem lançar um novo paradigma que também é cada vez mais abraçado pelos consumidores. Para os produtores, o desafio é adotar as medidas sem perder competitividade com outras geografias
Vencedores da sétima edição do Prémio Intermarché Produção Nacional
Produção Primária
- Espargos Verdes e Espargos Roxos – FHZ – INVESTIMENTOS AGRÍCOLAS, LDA
- Azeite Virgem Extra Biológico – Alberto Luis Branco Miranda de Carvalho Neto
Produtos Transformados
- Queijo “Ilha dos Mistérios” – Cooperativa Leite Montanha, CRL
- Vidigueira Vinho de Talha – Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito
Inovação em Embalagem
- Gelado Biológico Mediterrânico (Caixa 400 ml) – FRAGOGEL Comercialização e Fabricação de Gelados Lda.
Ideias com Potencial
- Produtos inovadores e saudáveis feitos de alfarroba – GRAND CAROB
Menções Honrosas:
- Mel BioApis de Agricultura Biológica, de castanheiro, rosmaninho e urze – BioApis – Apicultura Biológica LDA (categoria: Produção Primária)
- Gin – Destilaria Black Pig Unip. Lda (categoria: Produtos Transformados)
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