O InovTechAgro, Centro de Competências na área da inovação tecnológica para a agricultura, desenvolveu um guia sobre o contributo do uso de drones na agricultura, tendo concluído que esta é uma das atuais inovações tecnológicas mais promissoras no setor agrícola, nomeadamente na aplicação de fertilizantes e produtos para a proteção das culturas.
A análise teve como objetivo apresentar uma breve visão sobre o contributo do uso desta abordagem tecnológica no setor agrícola, nomeadamente no que respeita à sua importância como instrumento para a distribuição e fatores de produção.
Segundo o relatório, o mercado global de drones agrícolas é estimado em 2,08 mil milhões de euros em 2024, com potencial para atingir os 4,36 mil milhões até 2029, e tendo a Europa como principal mercado.
“O cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável exige um rápido desenvolvimento de novas tecnologias de aplicação de produtos fitofarmacêuticos que proporcionem uma proteção eficaz das culturas, assegurando simultaneamente a sustentabilidade a competitividade da agricultura europeia”, lê-se no relatório, que adianta que “nos últimos anos, o desenvolvimento de soluções inovadoras de tratamento fitossanitário para a agricultura de precisão intensificou-se consideravelmente”.
A análise destaca ainda algumas vantagens na utilização de drones, tais como a eficiência e precisão na aplicação; a redução do desperdício de fatores de produção; o impacto ambiental reduzido; a economia de tempo e custos; a adaptação a condições variáveis e a disponibilização de dados para análise a planeamento, alertando ainda para os desafios e limitações atuais, nomeadamente legislativas, do uso de drones na aplicação de produtos para a proteção das culturas.
O relatório concluiu também que a caraterização da exposição em aplicações terrestres difere “significativamente” da caraterização da exposição em pulverizações por drone. Do mesmo modo, a caraterização da exposição para o tratamento aéreo por aeronaves tripuladas é diferente da pulverização por drones devido a vários fatores, tais como o facto de os drones operarem com alturas de aplicação variáveis e diferentes velocidades de avança; utilizarem volumes de água mais pequenos e configurações de bicos únicas e efetuarem aplicações direcionadas e localizadas.
“Este tipo de instrumento não é equivalente ao tratamento aéreo tripulado convencional, uma vez que os comportamentos dos drones e destas aeronaves é fundamentalmente diferente, necessitando de avaliações separadas. Esta diferença é semelhante à forma como os tratamentos com pulverizadores de dorso são avaliados de forma diferente dos tratamentos com conjuntos convencionais de tratores com máquinas para tratamento fitossanitário (pulverizadores ou atomizadores), apesar de ambos os métodos serem terrestres”, lê-se na análise do InovTechAgro.
Segundo os autores do relatório, há uma “necessidade urgente” de desenvolver cenários específicos para estimar a exposição para tratamentos com drones, caraterizar as condições em que os drones são importantes para atingir objetivos de sustentabilidade e definir cenários para a utilização de drones, incluindo tipos de tratamento, culturas e produtos fitofarmacêuticos adequados.
A análise também refere que, com a tecnologia atual, a pulverização via drone é adequada para aplicações de iscos, manchas e feromonas; culturas em linhas contínuas, como olival, vinhas e pomares cultivados em sebes e culturas extensivas, como cereais, pastagens e forragens.
“A sua utilização como instrumento para a distribuição e aplicação de produtos para a fertilização e proteção das culturas é cada vez mais emergente devido a sua velocidade operacional e ao menor risco de exposição dos operadores (…) à medida que a agricultura de precisão avança, os drones oferecem a possibilidade de realizarem tratamentos direcionados de áreas infetadas, reduzindo drasticamente o uso de produtos de tratamento”, esclarecem os autores da análise.
Já em climas mediterrânicos, e com a ocorrência cada vez maior de fenómenos de precipitação acentuadas em custos espaços de tempo, o relatório explica que os drones podem ser “importantes instrumentos de recurso nas operações de fertilização, tanto por permitir a atuação dos nutrientes no momento certo, como por reduzirem os efeitos de compactação do solo pela passagem das máquinas”.
No entanto, alertam que os custos operacionais indicam uma utilização recomendada para áreas até aos 50 hectares, sendo a carga e o tempo de voo desafios em campos maiores.
Em conclusão, os autores do guia afirmam que “atualmente, os drones são um instrumento ao dispor do agricultor”, uma vez que proporcionam “novas capacidades e eficiências de trabalho que antes não eram possíveis com tecnologias tradicionais”.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.