O primeiro-ministro salientou hoje a “cooperação estratégica” entre Governo e Presidente da República e considerou que Marcelo Rebelo de Sousa será “o garante da continuidade” da reforma da floresta após o fim da atual legislatura em 2023.
António Costa falava no final de um Conselho de Ministros dedicado ao tema das florestas, que se realizou em Monsanto, em Lisboa, e que foi presidido pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, a quem o primeiro-ministro ofereceu um carvalho em forma de bonsai.
“Tenho a certeza que o senhor Presidente da República, no novo mandato que inicia na próxima terça-feira, é o garante de, para além desta legislatura, assegurar a continuidade da aposta estratégica do país” na reforma da floresta, declarou o líder do executivo no seu breve discurso.
António Costa frisou que a reforma da floresta “não pode ser seguramente apenas uma aposta deste Governo, que termina o seu mandato em 2023”.
“Este percurso tem de prosseguir para além do mandato deste Governo e nada melhor do que deixar nas mãos do Presidente da República a garantia da continuidade deste combate. Um combate que até perdurará para além do mandato de cinco anos que [Marcelo Rebelo de Sousa] iniciará na próxima semana”, disse, numa alusão ao facto de o plano do executivo para o reordenamento do espaço florestal ter como horizonte 2030.
Depois, “como símbolo da perenidade deste combate” pelo reordenamento e valorização da floresta, António Costa entregou ao chefe de Estado um arbusto, “exemplo de uma quercus nacional já centenária”.
“É o exemplo daquilo que temos de ter: Uma floresta que dure para além das nossas próprias existências, quer ao nível das funções políticas que exercemos, quer da nossa própria vida. Não me querendo tornar um pessimista, mas receio que sim”, acrescentou, numa nota de humor.
Esta iniciativa de Marcelo Rebelo de Sousa presidir ao Conselho de Ministros, ao qual se seguirá ao início desta tarde um almoço em São Bento, partiu de António Costa para assinalar o final do primeiro mandato do Presidente da República, “e realçar as boas relações entre os dois órgãos de soberania e o espírito de cooperação institucional” existente em Portugal.
Marcelo Rebelo de Sousa foi reeleito Presidente da República nas eleições presidenciais de 24 de janeiro passado, com 60,67% dos votos expressos, e iniciará o seu segundo mandato de cinco anos na próxima terça-feira, 09 de março.
Há cinco anos, António Costa também convidou o então Presidente da República, Cavaco Silva, em fim de mandato, para presidir a um Conselho de Ministros, que se realizou seis dias antes de Marcelo Rebelo de Sousa lhe suceder nas funções de chefe de Estado.
De acordo com o líder do executivo, há cinco anos, o Governo escolheu para tema desse Conselho de Ministros “um assunto que tinha marcado o mandato presidencial de Cavaco Silva: O desígnio do mar”.
“Hoje escolhemos o tema da floresta que marcou profundamente, até por razões trágicas, o primeiro mandato do [atual] Presidente da República. Uma temática relativamente à qual Marcelo Rebelo de Sousa demonstrou sempre uma enorme preocupação” considerou.
O primeiro-ministro fez depois questão de salientar a ideia de que o convite a Marcelo Rebelo de Sousa para presidir ao Conselho de Ministros “não foi mera cortesia”.
“Sinalizou a excelente cooperação institucional que pudemos viver ao longos dos últimos cinco anos e também a solidariedade estratégica que temos relativamente à necessidade de se intervir na floresta. O que mais marcou aquilo que temos vindo a fazer desde 2017 até agora foi ter deslocalizado o tema da floresta do flagelo do fogo para as verdadeiras causas profundas que o fogo é o sinal mais visível: O desordenamento do território e da paisagem, o abandono do interior e a perda do valor económico da floresta”, acrescentou António Costa.