Portugal foi o país da zona euro onde os preços mais subiram durante o mês de Março. Peso dos alimentos no cabaz das famílias e contágio a outros bens contribuíram para este resultado.
O maior peso dos produtos alimentares no cabaz de compras dos portugueses e o alastramento mais rápido das pressões inflacionistas a outros tipos de bens e serviços contribuíram para que, no decorrer do mês de Março, Portugal tivesse sido o país da zona euro onde os preços cresceram mais.
De acordo com os dados publicados esta sexta-feira pelo Eurostat, que usa como indicador de referência para os preços o índice de preços harmonizado (que é aquele que é comparável entre todos os países da União Europeia), a inflação mensal em Portugal foi de 2%. No resto da zona euro, os preços também subiram em Março, mas de uma forma menos acentuada: 0,9%.
E, tornando ainda mais clara a forma como o país se destacou neste capítulo em Março, a subida de preços de 2% registada em Portugal no decorrer do mês foi, por uma margem significativa, a mais alta entre os 20 Estados da zona euro. O segundo país a apresentar uma inflação mensal mais alta em Março foi a Grécia, com 1,6% e, em 13 dos países, este indicador ficou abaixo de 1%.
Aumentar
Os dados da inflação disponibilizados pelo Eurostat e pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) esta sexta-feira, que não são ainda completos e definitivos, revelam, no entanto, algumas explicações para o facto de, em Março, Portugal se ter destacado desta forma entre os diversos países da zona euro.
Em primeiro lugar, registou-se em Portugal um valor mais alto em termos mensais daquilo a que se chama a inflação subjacente, que é a taxa de inflação excluindo da análise os bens com preços mais voláteis, os energéticos e os alimentares.
No decorrer desta crise inflacionista, a subida dos preços começou inicialmente por se verificar quase exclusivamente nos bens energéticos e alimentares, principalmente depois do impacto trazido pela guerra na Ucrânia no ano passado. Mas, progressivamente, tem vindo a ser evidente o contágio dessas subidas de preços a outros bens, seja pelo peso que a energia tem na estrutura de custos de muitos outros produtos, seja pelo aumento dos salários que algumas empresas têm também agora de suportar, seja pelo alargamento das margens de lucro em alguns sectores.
É por isso que, numa altura em que já se verifica um recuo da taxa de inflação homóloga total, a taxa de inflação homóloga subjacente tem continuado a subir.
Em Março, a variação mensal dos preços dos bens e serviços excluindo alimentos não-transformados e produtos energéticos foi, na zona euro, de 1,2%, mas em Portugal atingiu os 2%. Pelo menos durante este mês, este efeito de contágio aos outros bens e serviços para além da energia e dos alimentos […]
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