No seguimento da manifestação realizada em 9 de Agosto no Porto junto à sede da Lactogal e de várias reações, a direção da APROLEP decidiu tornar público o seguinte:
- Produtores de leite de cooperativas associadas da Lactogal receberam, a 31 de Julho, mensagens sobre a descida do preço do leite em 1 cêntimo por litro, a partir de 1 de Agosto, dia em que a Aprolep emitiu um comunicado contestando essa descida e lançando um apelo a “todos os produtores, cooperativas e restantes organizações agrícolas para uma reflexão e ação de luta conjunta capaz de mudar esta rota a caminho do abismo para a produção de leite em Portugal.”
- Na semana seguinte a APROLEP foi convidada para uma reunião de cooperativas e associações que decidiram enviar uma carta à administração da Lactogal e convocar uma manifestação para o dia 9 de Agosto, tendo a APROLEP assumido a tarefa de divulgar os comunicados e avisar as autoridades. Contudo, tivemos o cuidado inicial de anunciar que a manifestação era “convocada por várias associações e cooperativas agrícolas” e, no comunicado final, baseado na referida carta, explicar que participavam “Centenas de produtores de leite, convocados e representados por dezenas de cooperativas e associações”. Os dirigentes dessas organizações estiveram presentes na manifestação, fizeram intervenções e prestaram declarações à comunicação social. Assim, dizer que uma manifestação onde estiveram cerca de 600 produtores responsáveis por cerca de dois terços da produção recolhida pela Lactogal no continente foi apenas promovida por uma “associação dita representativa dos mesmos” é uma tentativa infeliz de desvalorizar o que se passou e mais uma falta de respeito pelos produtores.
- Para além das 21 cooperativas e 4 associações que assinaram a carta e estiveram presentes na manifestação, queremos salientar a solidariedade manifestada em comunicado pela AJAP, pela CNA e pelas Associações Agrícolas da Ilha Terceira, cujo comunicado refere que a Lactogal, sendo responsável pela recolha de todo o leite das ilhas Terceira e Graciosa, paga aos produtores “uma média de 26 cêntimos/litro, muito aquém do que é pago na ilha de São Miguel, cujos produtores recebem em média 29,5 cêntimos por litro de leite” (…) A nossa solidariedade é total com os nossos colegas do continente. Estamos convosco.” Registamos também como positivo e sinal de esperança a solidariedade manifestada em comunicado pela Agros e a sua tomada de posição para reduzir os lucros da Lactogal em favor da reposição do preço ao produtor.
- A APROLEP representa os seus associados produtores de leite, tanto os que vendem o leite a cooperativas como a empresas privadas e nas suas intervenções procura defender a todos, sócios, não-sócios e em especial aqueles que não se podem associar ou não podem dizer em público aquilo que verdadeiramente pensam por receio de represálias de quem lhes compra o leite e/ou emprestou dinheiro.
- Dizer, como disse a Lactogal, que o teor da descida do preço do leite é “uma decisão única e exclusiva das cooperativas” é fugir à verdade, fugir à responsabilidade e tentar dividir os produtores. As três associadas da Lactogal recebem o mesmo preço do leite (preço à porta da fábrica) sempre decidido na administração e depois de descontarem o custo de recolha e outros custos de funcionamento pagam aos produtores preços semelhantes que servem de referência para os restantes compradores privados.
- Acusar a APROLEP de não lutar contra as importações de produtos lácteos é uma enorme falta de memória. Ignorar 10 anos de manifestações à porta e dentro de hipermercados, nas ruas, no parlamento ou as centenas de ações e intervenções a defender o leite nacional e a rotulagem da origem do leite é inqualificável e demostra desconhecimento, desorientação e desespero.
- Durante a manifestação, exigimos “uma nova liderança da empresa, uma estratégia de cooperação, crescimento e inovação, o aumento urgente do preço do leite ao produtor e a redução dos salários milionários dos administradores”; Reparámos que a Lactogal não desmentiu a existência desses salários milionários na sua administração que já foram referência de capa de jornal em Março de 2009. Esse é um assunto que revolta os produtores e que evitámos denunciar em público para proteger a Lactogal enquanto instituição de cujo sucesso depende todo o setor leiteiro, mas não vamos esquecer e não vamos desistir desta exigência. A Lactogal pertence aos produtores através do setor cooperativo e cabe aos seus dirigentes assumir responsabilidades e tomar as decisões para ultrapassar a atual crise. Tal como os produtores e todos os que trabalham no terreno dão o máximo todos os dias para produzir leite de melhor qualidade, nós fizemos a nossa parte enquanto associação. Aguardamos decisões efetivas em tempo útil.
11 de Agosto de 2018, a Direção da APROLEP