A colheita é o momento de maior alegria do agricultor. Depois de um ano de trabalhos e cuidados, colher o que se produziu é um momento de satisfação económica e pessoal. Numa pequena horta ou quintal, a colheita pode ser um ato solitário, mas em maior quantidade exige trabalho de equipa. Torna-se assim um momento de convívio com a família, amigos, vizinhos, funcionários ou prestadores de serviços que venham ajudar. Noutros anos esse convívio seria um momento de saudável confraternização, nesta colheita especial de 2020 exigem-se cuidados para não colher o Covid junto com as uvas, espigas, frutas ou o mais que houver.
A DGAV, Direção Geral de Alimentação e Veterinária, publicou a “Orientação Técnica n.º 2/DGAV/2020/COVID-19 – MEDIDAS DE HIGIENE ESPECIAIS A OBSERVAR NOS TRABALHOS AGRÍCOLAS”, cujo link coloco no fim desta publicação. O documento, com 4 páginas de linguagem simples, tem um conjunto de regras gerais para os gestores adotarem nas explorações agrícolas e regras para os trabalhadores. Tirem uns minutos para ler e, mesmo que não possam cumprir tudo, façam o que for possível.
Das recomendações, que se baseiam-se nos princípios básicos já conhecidos, destaco:
– DISTÂNCIA DE 2 METROS ENTRE AS PESSOAS TANTO NO TRABALHO COMO NO ALMOÇO OU MERENDA;
– Usar máscara durante o transporte dos trabalhadores (e em espaços fechados e sempre que possível, porque a gente distrai-se a quando repara está a falar a meio metro do vizinho…)
– Desinfectar superfícies e ferramentas;
– Lavar as mão com sabão ou desinfectar;
– Não ir trabalhar com febre, tosse, dores no corpo ou outros sintomas da doença;
– Ter os cuidados de etiqueta respiratória – tossir ou espirrar para o cotovelo, usar lenço descartável, etc.
– As empresas agrícolas devem afixar as normas da DGS e explicá-las aos funcionários, tendo especial atenção aos trabalhadores estrangeiros que podem não compreender os avisos.
EU SEI QUE VOCÊS JÁ SABIAM TUDO ISTO, que já estão fartos destas recomendações como já estamos todos fartos do COVID mas, infelizmente, a maior parte de nós, com o tempo, tem tendência a facilitar e baixar a guarda por achar que o pior já passou. Não passou. O vírus continua a circular no mundo e no nosso país. Não viaja sozinho, vai com as pessoas. E por cada caso confirmado haverá mais 5 ou 6 pessoas com o vírus (pode seu um de nós, neste momento), sem sintomas, mas que vão passando a doença até que alguns manifestam de forma ligeira, outros com complicações graves e para uma pequena percentagem é fatal. Alguns aparentemente saudáveis, outros apesar das “comorbilidades”podiam ainda viver vários anos com qualidade de vida se não encontrassem o vírus.
Tão perigosas como o vírus podem as “teorias da conspiração” em que alguns acreditam e outros partilham o que alguém escreveu – gente com muito tempo livre, muita imaginação e sobretudo muito “espírito de contradição”. Enquanto não morreu o primeiro caso no nosso país, diziam que estavam a esconder os mortos (até havia audios a circular no whatsapp); agora dizem que a pandemia é inventada, que os mortos são inventados, que usar máscaras faz mal (quando era só o pessoal dos blocos operatórios, dentistas ou doentes imunodeprimidos a usar máscara ninguém se queixava) e que a vacina trará um chip do Bill Gates para nos seguir. Pelo meio, aparecem os vendedores de banha de cobra do costume a tentar ganhar alguma coisa com isto. Valha-me Deus! Pensem um bocadinho e tenham juízo na hora de partilhar coisas que podem levar algumas pessoas a facilitar no uso de máscara ou distância (coisas simples e “naturais”) e outras a recusar a vacina que os poderia proteger, como protegem a vacina do Sarampo, da raiva, do tétano… Desejo-vos boas colheitas, em segurança. Vivam e protejam-se!
#carlosnevesagricultor
#covid19
http://www.gpp.pt/images/Agricultura/covid19/Recomendacoes_Trabalhos_Agricolas.pdf
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