Ao fim da tarde desta quarta-feira, 18 de abril, no Café Concerto do Centro Cultural Vila Flor, dezenas de pessoas reuniram-se para uma Conferência Informal sob o mote “Guimarães 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”. O evento teve como orador principal o Professor Mohan Munasinghe, Presidente do Comité Externo de Aconselhamento da candidatura a Capital Verde Europeia 2020, e contou com a presença do Presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, e do Reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro.
A conferência iniciou-se com um conjunto de reflexões e desejos em torno do futuro de Guimarães enquanto concelho ambiental, económico e socialmente sustentável. De entre os treze participantes convidados, destacou-se o contributo de quatro jovens estudantes – Inês Sampaio, Francisco Nunes, Sofia Antunes e José Pedro – por serem o futuro de Guimarães e pela forma como deixaram clara a sua forte consciência no domínio ecológico, deixando sugestões e augurando grandes realizações na caminhada rumo à sustentabilidade.
Mohan Munasinghe abriu a sua comunicação dizendo que “com estes eco-cidadãos, Guimarães já atingiu mais do que o título de Capital Verde Europeia”, dando relevo à qualidade das intervenções dos treze vimaranenses convidados para fazerem uso da palavra. O renomado especialista na área do crescimento sustentável, que presidiu o Comité Externo de Aconselhamento, explicou qual a chave do sucesso para que o mundo se torne um mundo mais sustentável ao nível dos recursos naturais e, simultaneamente, cresça do ponto de vista económico. Munasinghe insistiu numa ideia que tem vindo a ser disseminada junto da comunidade vimaranense: a de que a “subida da montanha” se faz através dos pequenos passos de cada um de nós, até que se alcance o seu topo. Para o Professor Munasinghe, o desenvolvimento sustentável opera em 3 eixos nucleares que são o Ambiente, a Economia e o Social. Ainda segundo Munasinghe, o motor desta mudança deverá residir não nos líderes mundiais de topo, mas nos líderes de médio plano, como são os presidentes de câmara e dirigentes das instituições da sociedade civil, pois são eles que desencadeiam os movimentos locais que concorrem para o global.
No final da preleção de Mohan Munasinghe, interveio Rui Vieira de Castro, Reitor da Universidade do Minho, que começou por dizer que a ideia de um título como a Capital Verde Europeia é potencialmente poderosa, mas pode ser também potencialmente perigosa. Poderosa porque imprime mudanças no comportamento político que conduz a práticas que caminham no sentido de um mundo mais sustentável. Perigosa porque pode ser entendida apenas na perspetiva da obtenção de um novo galardão ou marca. A esse propósito, Rui Vieira de Castro criticou as manchetes que alguma comunicação social propalou, como “Guimarães fora da corrida”. “O que se está a fazer em Guimarães está claramente além desta perspetiva redutora. Guimarães construiu um desafio, traduzido num programa e em materializações”, fez questão de sublinhar. Rui Vieira de Castro terminou a sua intervenção dirigindo-se a Domingos Bragança, Presidente da Câmara: “Guimarães pode contar com a Universidade, pois este caminho e o conhecimento em torno dele é de grande relevância para nós”.
A encerrar a sessão, Domingos Bragança cumprimentou todos os presentes e agradeceu todo o trabalho realizado até à data, insistindo que “tão ou mais importante que o título de Capital Verde Europeia é o caminho. Um caminho não só de inteligência, mas de emoção e afetos”. O Presidente da Câmara recuperou uma ideia forte da apresentação de Mohan Munasinghe, reforçando a importância do empenho de todos os Vimaranenses na mudança que se pretende operar, afirmando que “é preciso que a sociedade vimaranense compreenda que a mudança acontece do local para o global”. Esta noção de comprometimento ficou reforçada quando Domingos Bragança referiu: “a equipa para mim é a equipa de todos os Vimaranenses”. Uma das dimensões à qual o Presidente da Câmara tem vindo a dar importância, a dimensão do conhecimento, foi novamente levantada. “Dar valor ao conhecimento, mas numa perspetiva de partilha, para que todos se imbuam do espírito da eco-cidadania”. A dimensão do conhecimento reafirma a importância da envolvência da Universidade e dos Centros de Investigação em todo o processo de mudança, mas não apenas: “também as escolas, nos seus diferentes ciclos de ensino, e os meios informais de aprendizagem”. Domingos Bragança concluiu a sua intervenção dizendo que “o caminho é uma viagem, longa, sempre com novos desafios e dificuldades que temos de resolver. Por ser um caminho difícil, é motivador. Quero que esta forte consciência ecológica dos Vimaranenses se espalhe por toda a Humanidade, para bem do nosso planeta e do nosso futuro. Se em 2013 a ideia partiu de mim e da minha equipa, hoje ela é de todos nós. E o caminho vai continuar”.