A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) contestou hoje a organização da cimeira das Nações Unidas sobre sistemas alimentares, tendo em conta que a agricultura familiar deveria ser o centro da discussão, apelando ainda para a intervenção do Governo português.
“A CNA integra o conjunto de 550 movimentos sociais e organizações da sociedade civil de todo o mundo que enviaram uma carta ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pedindo o fim do acordo de parceria entre a ONU e o Fórum Económico Mundial (FEM), para a organização da cimeira das Nações Unidas sobre Sistemas Alimentares em 2021 (UNFSS21)”, indicou, em comunicado a confederação.
Em causa, segundo a CNA, está o facto de o FEM representar as corporações transacionais e o agro-negócio “que lucram com a agricultura, a pecuária e a pesca industriais”, destruindo os ecossistemas.
Este impacto efetua-se através da apropriação de terras e dos recursos naturais, erosão dos meios de subsistência das comunidades rurais e povos indígenas, bem como pela “perpetuação de condições abusivas de trabalho” e emissão de gases com efeito de estufa, explicou.
Para a confederação, a agricultura familiar deveria estar no centro da cimeira, tendo em conta que é responsável por mais de 80% dos alimentos do mundo.
Por outro lado, os agricultores sublinharam que a cimeira deveria envolver os países mais afetados “pela fome e pela crise climática e sanitária”.
A CNA apelou ainda para que o executivo português defenda os interesses nacionais, “impedindo que grandes multinacionais venham a determinar as principais ‘conclusões’ da cimeira”, garantindo também que vai participar “ativamente” na campanha de denúncia da “deturpação” dos objetivos do encontro.
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