A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e a sua filiada Avadouriense – Associação dos Viticultores e da Agricultura Familiar Douriense convocaram um plenário de viticultores do Douro para 01 de junho no Peso da Régua, foi hoje anunciado.
O plenário convocado para o Peso da Régua, no distrito de Vila Real, surge face aos “mais recentes desenvolvimentos na Região Demarcada do Douro”, como “a multiplicação do envio de cartas aos viticultores, por parte de várias casas exportadoras, avisando-os de que não vão receber uvas na próxima vindima” e a “ameaça de novo corte drástico no vinho a beneficiar”.
A CNA e a Avadouriense assinalam ainda que “persistem os elevados preços dos fatores de produção” e que se mantêm “problemas na fiscalização na entrada de mostos e comercialização de vinhos que são comercializados como se do Douro fossem originários”.
Esses problemas, segundo as organizações, “contribuem para os excedentes de produção que se acumulam e para os baixos preços pagos aos viticultores”.
A CNA e a Avadouriense defendem também que “é cada vez mais necessário dotar a Casa do Douro de capacidade legal e operacional para intervir nos ‘stocks’ de vinho e de aguardente da região”.
“Este plenário convocado pela CNA e pela Avadouriense tem como objetivo discutir a situação, decidir ações a tomar e exigir medidas urgentes já nesta vindima”, pode ler-se num comunicado enviado às redações.
Para a CNA e Avadouriense, “os viticultores não aguentam mais esta situação”, e “é preciso agir já para salvar a Região Demarcada do Douro”.
Mais de 150 viticultores do Douro receberam cartas a cancelar encomendas de uvas para este ano, o que está a gerar receio e indignação.
“Está-se a iniciar a catástrofe que já tínhamos previsto na última campanha, que no ano passado foi próximo da vindima, em que as casas compradoras de uvas disseram que não queriam comprar uvas. Este ano estamos em abril e o cenário já se está a tornar negro”, disse à Lusa, em 17 de abril, Marinete Alves, que faz parte do Conselho Regional da Casa do Douro.
Já em 02 de maio, a Casa do Douro reclamou medidas “fundamentais” para enfrentar a crise na viticultura como a incorporação de aguardente regional no vinho do Porto, destilação de crise, colheita em verde e a suspensão do VITIS.
“Há grandes operadores que estão com excessos de vinhos e que não querem ir à vindima [comprar uvas ou comprar menos quantitativo], e isto impacta muito naquilo que é o pequeno e médio viticultor, ou seja, o viticultor que faz desta vida o seu sustento e que depois não tem onde vender as suas uvas”, afirmou Rui Paredes, presidente da Casa do Douro.
O responsável também desafiou os partidos políticos concorrentes às legislativas a olhar com atenção para o Interior e para a viticultura, reclamando uma posição concreta sobre a crise no setor do vinho.
CNA e AVADOURIENSE convocam Plenário de Viticultores do Douro