O presidente da Casa do Douro espera que rapidamente seja operacionalizada a medida que atribui aos viticultores 50 cêntimos por quilo de uva entregue para destilação, anunciada hoje e que tem um financiamento de 15 milhões de euros.
“Nós temos que rapidamente operacionalizar esta medida”, afirmou Rui Paredes à agência Lusa, em reação ao apoio de 50 cêntimos por quilo de uva para todos os viticultores com o objetivo da destilação divulgado hoje pelo ministro da Agricultura e Mar.
A medida está incluída no plano de ação para a gestão sustentável e valorização do setor vitivinícola da Região Demarcada do Douro (RDD), aprovado em conselho de ministros.
“Tenho pena que venha num momento em que já estão em curso as vindimas, mas interessa é que venha”, afirmou Rui Paredes, que realçou ainda “o reforço” da verba para os 15 milhões de euros, tendo-se falado inicialmente de 13 milhões de euros.
Pela região somam-se queixas e alertas de produtores que temem não conseguir escoar a uva ou a sua venda a preços baixo, enquanto os comerciantes se queixam de ‘stocks’ cheios e de quebras nas vendas de vinho.
Depois do conselho de ministro, o ministro da Agricultura explicou que “o grande objetivo é evitar a perda de rendimento” dos viticultores.
“E é importante que se diga que a medida de destilação, que é financiada com 15 milhões de euros, é exclusivamente com montantes do orçamento de Estado, é uma medida que não se irá repetir”, afirmou José Manuel Fernandes.
Rui Paredes considerou que esta medida vai “permitir balizar um pouco o preço”.
“Ou seja, quando se diz 50 cêntimos por quilo, estamos a falar 375 euros a pipa, e esta é uma forma de nós, pelo menos, colocarmos um preço mínimo abaixo do qual não se deve poder vender. Mesmo os 375 euros não pagam os custos de produção nesta região de montanha”, referiu.
E, na sua opinião, é preciso fazer este trabalho de colocar um valor mínimo para um custo de produção para que as pessoas “se sintam minimamente remuneradas”.
Referiu ainda que esta foi uma proposta trabalhada pelo conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) e, antes ainda, pelo conselho regional de viticultores da Casa do Douro.
A medida será operacionalizada pelo IVDP, mediante contrato prévio entre viticultor, vinificador e destilador e a aguardente produzida será integrada em lotes a submeter a certificação obrigatória do IVDP.
José Manuel Fernandes disse ainda que a “aguardente terá também uma indicação geográfica protegida”.
“Faz parte das medidas estruturais que é necessário aplicar. Quando falamos na aguardente regional, é trabalharmos um excedente daquilo que são os vinhos, no caso de haver excedentes, destilá-los, torná-los em aguardente de boca para que se possa, depois, introduzir no vinho do Porto”, disse Rui Paredes.
O presidente da Casa do Douro, com sede no Peso da Régua, distrito de Vila Real, disse que uma medida por si só não resolve o problema. “Várias medidas, por muito pequenas que sejam, mas elas exponenciam o resultado final que será a valorização do viticultor, do seu trabalho e a sua remuneração”, referiu.
O ministro da Agricultura informou ainda que foi eliminada a obrigatoriedade de quem se quisesse dedicar à comercialização de vinho do Porto, ter um ‘stock’ mínimo de 75 mil litros deste vinho.
Esta medida era reclamada na região.
“O intuito é trazer novos operadores, gente nova e que queira trabalhar e que não tinha capacidade para investir na compra de vinho. Termos um ‘stock’ a zero permite que haja mais gente, mais nova, gente com outras ideias, acho que é importante. É uma entrada de ar fresco que pode acontecer na região”, salientou Rui Paredes.