A organização de produtores (OP) de pequenos frutos Lusomorango enviou hoje, 28 de Maio, a várias entidades, uma carta sobre problemas a nível da «agricultura e desenvolvimento económico no Perímetro de Rega do Mira». A carta foi enviada ao Presidente da República, ao primeiro-ministro e aos ministros da Administração Interna, da Agricultura, da Economia e do Ambiente.
No documento, a OP afirma que o Perímetro de Rega do Mira é «um dos territórios em Portugal com maior potencial agrícola», mas que «os instrumentos de gestão territorial actualmente existentes não permitem explorar de forma consistente esse potencial». A Lusomorango, que agrega 42 produtores de pequenos frutos, refere que, nos últimos anos, já apresentou, em dois grupos de trabalho, «propostas concretas em dois domínios estruturais: trabalho e ambiente».
Na vertente do trabalho, a OP diz que, no seu universo de empresas, «trabalham cerca de 2.200 pessoas, de mais de 30 nacionalidades», que «são estes trabalhadores que contribuem, no quotidiano, para transformar este sector num campeão das exportações» e que a Lusomorango foi responsável por «26%» dos 205 milhões de euros que o sector dos pequenos frutos exportou em 2018. Segundo a OP, as empresas suas associadas «já apresentaram soluções de alojamento que, invariavelmente, esbarram em burocracias labirínticas». «As empresas estão muito mais avançadas na sua disponibilidade para integrar estes trabalhadores migrantes do que as entidades públicas, que não têm resposta, mas que também não aceitam as soluções propostas», sublinha.
Na vertente do ambiente, a Lusomorango considera que «tem sido pioneira na prática de soluções que permitem mitigar os efeitos ambientais das explorações actualmente existentes, mas também de respostas equilibradas para expansões futuras da área agricultável». «Acreditamos que o diálogo institucional é a via para o desenvolvimento, mas a multiplicidade de entidades envolvidas neste diálogo, por um lado, e algum imobilismo de algumas dessas entidades em solucionar questões prementes, por outro, têm causado, senão um retrocesso, pelo menos um travão quanto às respostas que o sector merece e que, estamos certos, o território precisa», explica a OP.
Neste contexto, a OP defende que «compete ao poder político contribuir para que se possam encontrar soluções», que «é preciso um decisor capaz de olhar para o território de forma estratégica e de funcionar como um efectivo impulsionador de um diálogo que seja consequente» e que «as empresas querem ser parte da solução, e querem contribuir para resolver um problema que existe, e que continuará a existir, se a inação e o imobilismo do conforto de não decidir continuar a predominar». De acordo com «resultados preliminares» de um «estudo sobre o impacto do crescimento da hortofruticultura na economia de Odemira», que a Universidade Católica Portuguesa tem em curso, a pedido da OP, a Lusomorango realça ainda que a hortofruticultura «contribuiu directa e indirectamente com 101 milhões de euros para o PIB de Odemira, a preços de 2015, sendo a principal fonte do crescimento verificado nos últimos anos», e que «deu ainda uma importante contribuição para a valorização da propriedade agrícola e urbana no concelho de Odemira».