Até 5 de maio de 2023, encontram-se abertas as candidaturas ao Concurso “Cantinho dos Artistas”, uma iniciativa da Secretaria Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural (SRA), através da Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DRA), com o apoio do Crédito Agrícola (CA), que visa estimular e premiar, com recurso a um júri constituído por cinco conceituados elementos, o talento da melhor criação artística concebida a partir do repto lançado por este organismo público: “Sidra na História da Ilha da Madeira”.
Esta ação, parte integrante da campanha de comunicação do cartaz “Cider Fest| Festa da Sidra” organizado pela SRA, procura estimular e dar oportunidade a qualquer pessoa, singular ou coletiva e sem restrições de nacionalidade, de participar (para a inscrição, clique AQUI), dentro dos prazos estipulados, com o máximo de duas propostas, ficando, desta feita, habilitada a auferir de um prémio pecuniário a definir em regulamento.
Sabido é que semear, cuidar e colher nas íngremes encostas da ilha da Madeira implica resiliência. Garantir o justo escoamento da produção regional requer informar e demonstrar a mais-valia encerrada na diferenciação dos frutos gerados e crescidos nos microfúndios de uma Ilha pitoresca em que a porção arável se resume a apontamentos de terra sustidos por empedrados basálticos, bafejadas pela brisa marítima, com um perfil ácido e uma exposição solar inigualáveis.
A ideia desta competição nasce aqui! Na plena certeza de que esboçar agricultura implicará, obrigatoriamente, materializar dificuldade, envolvimento, paisagens únicas e colheitas peculiares. Que a valorização da agricultura na Madeira implica envolvimento e consciencialização das faixas mais jovens e de todas as que privilegiam o esforço da labuta e a qualidade de culturas, uma a uma, acompanhadas e selecionadas. Pensar futuro implica, com toda a certeza, conhecer o passado.
Em 2023, o tema proposto pretende dar a conhecer à comunidade, através da exposição das criações remetidas à Organização, de alguns elementos da história da sidra na Madeira, ou esta não fosse uma bebida secular, cujo consumo remonta à época do povoamento, aquando da colheita dos primeiros frutos na Ilha.
Relembre-se que a história da macieira/pereiro e pereira e da sidra na Madeira é vasta, repleta de especificidades e padece de insuficiente compilação e divulgação.
Esta é a oportunidade! Para (re)descobrir e (re)inventar as linhas de um produto que faz parte da identidade da ilha da Madeira, através de mãos talentosas e visão criativa e original de qualquer (aspirante) artista.
E para isso damos algumas pistas. Queremos inspirá-lo! Aguçar a sua curiosidade, de forma que seja agente de pesquisa e de novas descobertas! Em regulamento, deslindamos alguns dos notáveis factos que instigam a criatividade e posicionam a Madeira enquanto ponto geográfico que nunca deixou morrer a tradição do plantio e do consumo de sidra.
Dos excertos retirados da obra “Fomento da Fruticultura na Madeira”, de J. Vieira Natividade (1947), que dão conta de que “o que se passa com as castas de Macieira cultivadas na Ilha constituí seguramente caso único na fruticultura mundial” e de que a Madeira ostentava, à época, a flora “(…) mais rica do mundo, pois não será exagero afirmar que o número de castas em cultura, com ou sem valor económico, é superior a uma centena”, passamos também pelas evidências da presença desta bebida nos mantimentos das armadas Portuguesas que, a partir do início do século XVI, faziam escala na nossa Região e partiam abastecidas com este precioso “vinho” (nominação constante nalgumas das passagens encontradas).
Saberia porventura que na segunda metade do século XIX, em resposta à escassez de Vinho Madeira (face à dizimação de grande parte dos vinhedos às custas do oídio e da filoxera), a sidra terá sido comercializada como falso Madeira?
Pois é… razões para dizer que existe um oceano de descobertas à sua espera.
Boa sorte!
Artigo publicado originalmente em DICAs.