As candidaturas a sistemas de incentivos às empresas nos Açores já representaram um investimento privado superior a 500 milhões de euros, desde 2015, afirmou na sexta-feira o vice-presidente do Governo Regional.
“Já ultrapassámos os 500 milhões de euros, em termos de investimento privado candidatado no âmbito dos sistemas de incentivos. Só na ilha Terceira foi superior a 102 milhões de euros”, adiantou Sérgio Ávila, à margem da Gala do Empreendedor, realizada na Praia da Vitória, na sexta-feira à noite, que distinguiu projetos inovadores.
Segundo Sérgio Ávila, o valor alcançado “supera todos os sistemas de incentivos anteriores” e resulta num crescimento da economia.
“Nos últimos quatro anos, os Açores conseguiram crescer em termos de Produto Interno Bruto (PIB) 588 milhões de euros, o que representa um crescimento de 16%”, frisou.
Há vários anos que o executivo açoriano premeia as melhores ideias de negócio, com um concurso regional de empreendedorismo, que este ano atribuiu apoios monetários de 25, 20 e 15 mil euros aos três primeiros classificados.
“O júri escolhe os três melhores projetos de investimento para se concretizarem três novas empresas, em setores estruturais para a economia regional, onde se valoriza, por um lado, a utilização de materiais endógenos da região ou ideias que sejam inovadoras”, adiantou o vice-presidente do Governo Regional.
Gonçalo Andrade ficou em primeiro lugar no concurso de 2018, com o projeto SmartGrow, que pretende colocar a tecnologia ao serviço da produção agrícola.
“Em suma, o que vai permitir é aumentar o quilograma por metro quadrado e aumentar o euro por metro quadrado, em termos de lucro”, explicou.
Com hardware próprio, a empresa, que ainda está em fase de investigação e desenvolvimento, pretende dotar os agricultores de meios adquiridos a um preço acessível, que os alertem, por mensagem de telemóvel ou correio eletrónico, para alterações nas condições das estufas.
“Temos dispositivos que medem a temperatura, a humidade e mais. Se a temperatura for demasiado alta numa estufa, fará com que existam queimaduras na folha e o produtor irá produzir menos”, apontou o jovem empresário, alegando que a monitorização das variáveis permitirá “aumentar a rentabilidade e a eficiência nas estufas”.
Da agricultura para a pesca, Tiago Silva, vencedor do segundo prémio de 2018, criou uma empresa Fumeiros dos Açores, que defuma espécies capturadas no arquipélago de forma artesanal.
“A cura é um processo característico nosso e a madeira Myrica Faya dá um aroma e uma apresentação diferente ao peixe”, avançou, alegando que os produtos fumados estão “na moda”.
A empresa já defuma “chicharro do alto, cavala, atum voador e patudo e esporadicamente anchovas”, vendendo para já apenas para hotelaria e restauração.
Marco Bettencourt ficou em terceiro lugar no concurso regional de empreendedorismo, mas venceu o prémio de melhor jogo da Playstation Talents Portugal em 2018, com Keo, o primeiro jogo da empresa Redcatpig Studio.
“É um estúdio de videojogos que tem como objetivo criar títulos próprios para venda direta ao consumidor e a produção de soluções de gamificação para empresas e entidades”, adiantou.
O projeto começou com um investimento de 45 mil euros e Marco e dois amigos ouviram muitas vezes quem lhes dissesse que não iam chegar a lado nenhum, mas dois anos depois o trabalho começou a dar frutos.
“Tem de se ter uma cabeça muito dura, para se dar muita cabeçada na parede, tem de se suar muito, mas chega-se lá, sem dúvida nenhuma”, salientou.
Foram ainda entregues nesta Gala do Empreendedor os prémios dos vencedores de 2017: Lisa Esteves, com o projeto Oricalco, em primeiro lugar, Dúnio Couto, com o projeto YaraPets, em segundo, e Marco Costa, com o projeto Infinitum, em terceiro.