O Governo brasileiro vai procurar mercados do sul global para as suas exportações de produtos da agricultura e indústria, depois do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar taxas de 50% sobre a importação dos produtos do país.
Num comunicado, o ministro da Agricultura do Brasil, Carlos Fávaro, informou que face à ação do Governo norte-americano já telefonou para as principais entidades representativas dos setores mais afetados, como o do sumo de laranja, carne bovina e de café, para “ampliar mercados, reduzir barreiras comerciais e dar oportunidade de crescimento para a agropecuária brasileira”.
“Neste momento, vou reforçar essas ações, buscando os mercados mais importantes do Oriente Médio, do Sul Asiático e do Sul Global, que têm grande potencial consumidor e podem ser uma alternativa para as exportações brasileiras”, acrescentou o ministro brasileiro.
Fávaro também reiterou que as ações diplomáticas do Brasil estão a ser tomadas em reciprocidade e que agirá para minimizar os impactos.
A reação ecoa um posicionamento adotado publicamente pelo Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que disse na quinta-feira que se os Estados Unidos não quiserem comprar ao Brasil, o Governo vai procurar quem queira.
“Vamos ter que proteger [o setor produtivo]. Vamos ter que procurar outros parceiros para comprar nossos produtos. O comércio entre Brasil e Estados Unidos tem apenas 1,7% do PIB, não é essa coisa que a gente não consegue sobreviver sem os EUA”, disse Lula da Silva numa entrevista à TV Record.
Trump anunciou na quarta-feira uma tarifa adicional de 50% sobre as importações do Brasil, a partir de 01 de agosto.
Numa carta enviada ao Governo brasileiro, Trump alegou que a relação comercial entre as partes é “muito injusta”, marcada por desequilíbrios gerados por “políticas tarifárias e não-tarifárias e pelas barreiras comerciais do Brasil”.
No entanto, desde 2009 os Estados Unidos regista excedente comercial nas trocas com o Brasil.
O líder norte-americano acusa também o Brasil pela “forma como tem tratado o ex-Presidente Jair Bolsonaro”, processado no Supremo Tribunal Federal por suposta tentativa de golpe de Estado após perder as eleições de 2022 para o atual Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.