A procura por alimentos mais eficientes na neutralização de radicais livres é uma tendência em alta na nutrição moderna, devido à sua capacidade de prevenir o envelhecimento das células do organismo humano. Para responder à procura crescente, investigações brasileiras desenvolveram duas cultivares, uma de arroz de grão preto (SCS 120 Ônix) e outra de grão vermelho (BRS 902) com maiores teores de compostos bioativos antioxidantes.
A SCS 120 Ônix foi produzida pela Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), enquanto a BRS 902 é um desenvolvimento da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Testes realizados pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em parceria com a Embrapa Arroz e Feijão, confirmaram a maior atividade antioxidante das cultivares.
A pesquisa comparou amostras do grão integral cozido, usando método laboratorial para obter extratos fitoquímicos. A partir daí os cientistas isolaram o fenol – conhecido pela sua função protetora contra danos oxidativos, ligados ao envelhecimento das células. Esses compostos promovem o sequestro dos chamados radicais livres, moléculas que em grande quantidade podem danificar células sãs.
Quando comparadas com o arroz branco, em média, as cultivares de grão colorido possuem seis vezes mais compostos fenólicos (livres ou complexados). Além disso, explica a responsável pela pesquisa de tipos especiais de arroz da Epagri, Ester Wickert, as cultivares de grão colorido são um “diferencial atrativo para o rizicultor”.
“Grãos de pericarpo colorido, preto ou vermelho, têm maior valor de mercado, até porque têm uma produção menor, em termos de área, mas não de produtividade, e têm o seu consumo associado à melhor qualidade de vida, uma vez que oferecem maior quantidade de compostos fenólicos, considerados importantes agentes antioxidantes”, diz Wickert. Ela considera também que há espaço para variedades de arroz colorido em diferentes formatos de grão: longo-fino, longos, curtos ou arredondados, associados ainda a características de aroma e teor de amilose.
Coordenador do programa de melhoramento de arroz especial da Embrapa, o pesquisador José Manoel Colombari Filho explica que a cor agrega um diferencial à elaboração de pratos. “A procura pelo arroz colorido está a crescer rapidamente. Esse produto é muito atrativo a consumidores que apreciam a alta gastronomia e novas experiências, como também aqueles que buscam uma alimentação saudável, associada muitas vezes à produção orgânica, com alimentos ricos em propriedades nutracêuticas que favorecem a longevidade, com atividades antioxidante, anticancerigena, antialérgica, anti-inflamatória e hipoglicémica”, diz Colombari.
O especialista revelou que a Embrapa já está a desenvolver cultivares de arroz colorido de alto potencial agronómico e com qualidade de grãos que agregue ainda mais valor. “Se por um lado, no plano nacional, essa realidade acaba por conferir ao arroz colorido o caráter de produto agrícola de nicho de mercado, por outro lado, o mesmo produto poderá abrir oportunidades para o Brasil explorar mercados externos”, projeta.