Numa breve conversa com a Renascença, D. Antonino Dias lembra que “há sessenta anos que se fala nessa barragem, já passaram por aqui três [primeiros-]ministros, Mário Soares, Guterres, o Durão Barroso, passaram por cá a falar na barragem, na necessidade da barragem, e agora estavam três ministros na sexta-feira”. Ou seja, outros, antes deste governo, anunciaram o mesmo.
Questionado se lhe falta fé em relação à construção da barragem, D. Antónino Dias responde bem-humorado que “não” e que é “um homem de esperança”, e que tem “fé”, mas assume que não gostava é que a barragem “demorasse mais sessenta anos, só isso”.
O bispo de Portalegre falava este domingo à margem das comemorações do 10 de junho nesta capital de distrito e salientou que “de facto, é imprescindível essas coisas por aqui, não só pelas razões do regadio, mas também por tudo aquilo que é necessário aqui no interior”.
Aliás, D. Antónino Dias reconhece que o anúncio da barragem poderá ter sido uma consequência destas cerimónias presididas na cidade por Marcelo Rebelo de Sousa e que têm o expoente máximo esta segunda-feira com o habitual desfile dos três ramos das Forças Armadas e o discurso às tropas.
O facto de as comemorações do dia de Portugal se realizarem em Portalegre é visto como importante para a região, “é sempre muito importante falar do interior, bem, do interior toda a gente fala, mas vive-se um bocadinho de costas voltadas para o interior”, e para D. Antonino “tudo isto são iniciativas que marcam, fala-se de Portalegre, olha-se para esta realidade, que é muito importante aqui no centro de Portugal, é uma capital de distrito”, rematando com um “porque não?”
Sim, esta é uma capital de distrito, mas é uma que tem visto sucessivamente sair a sua população. O bispo de Portalegre assume essa preocupação, “a população não se prende aqui, mesmo os jovens, poucos são os que ficarão por aqui, porque, de facto, cada um luta pela vida e aqui não se encontra razões de esperança para ficar”.
D. Antonino refere que “isso é que é importante, fazer parar esse escoamento de jovens e trazer outros se for preciso, portanto é bom, sempre, essas iniciativas”, ou seja, as comemorações do 10 de junho em Portalegre.
O Presidente da República já disse aos jornalistas este domingo que depois do 10 de junho, as pessoas e as terras, e neste caso Portalegre, nunca ficam na mesma. Ora, o bispo desta capital de distrito espera que “assim seja, isto não pode acontecer e depois não acontecer nada, porque o importante está no depois, em falar de Portalegre e Portalegre ser atrativo para muita gente”.
Quanto mais não seja, conclui D. Antónino Dias, que sirva “para virem ao menos para o turismo e para outras situações que são importantes assumir aqui no interior”.