As associações dos bombeiros voluntários e profissionais contestaram hoje a gestão atual do fundo social do bombeiro, defendendo que deve deixar de ser gerido exclusivamente pela Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP).
A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) e a Associação Nacional de Bombeiros Voluntários (APBV) estiveram hoje reunidas, em Lisboa, com o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, num encontro que contou também com a presença da secretária de Estado da Proteção Civil e do presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
No final da reunião, na qual as duas associações apresentaram à tutela as principais reivindicações dos bombeiros voluntários e profissionais, o presidente da ANBP, Fernando Curto, disse à Lusa que o fundo de proteção social do bombeiro (FPSB), gerido pela LBP e que contempla um conjunto de proteções sociais para os bombeiros e seus familiares, deve passar para a gestão de uma entidade pública, que neste caso deverá ser a ANEPC.
“O fundo social do bombeiro deve ser gerido pela ANEPC. Não tem que ser a Liga dos Bombeiros a fazer a gestão de fundo que movimenta milhões”, frisou Fernando Curto.
Caso a ANEPC não queira fazer essa gestão, o responsável avançou que a Associação Nacional de Bombeiros Profissionais e a Associação Nacional de Bombeiros Voluntários “sentem-se no direito de estar representados” nesse fundo, juntamente com a LBP.
“Se não nos quiserem lá, exigimos saber os motivos”, sustentou, dando conta que a Associação Nacional de Bombeiros Voluntários tem recebido muitas queixas do atraso no pagamento de alguns subsídios, nomeadamente das creches.
É através deste fundo, que no atual Orçamento do Estado recebeu um aumento superior a 920 mil euros para perto de 1,8 milhões de euros, que os bombeiros recebem vários apoios sociais, como pagamento de creches, reformas propinas e seguros.
Os representantes dos bombeiros profissionais e voluntários pediram também a José Luis Carneiro para que a Escola Nacional de Bombeiros, no âmbito da alteração legislativa que está para breve, passa a ser “totalmente gerida” pela ANEPC.
Caso tal não aconteça, a ANBP e a ANBV querem ter “o mesmo tratamento” do que a LBP em relação à representação na Escola Nacional de Bombeiros, que tem atualmente como associados a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e a Liga dos Bombeiros Portugueses.
Fernando Curto disse também que foi pedido ao ministro que é necessário rever a estratégia operacional de combate aos fogos, depois do que se passou na Serra da Estrela, que ardeu durante 11 dias em agosto.
“Em termos operacionais, os comandantes e quem decidi no teatro de operações têm que se ver ao espelho, ou seja, as alterações climáticas são um problema, a limpeza no terrenos é um problema, mas é preciso falar do combate, é preciso perguntar se a estratégia de combate que estamos a fazer é correta”, frisou.
O presidente da ANBP considerou que um incêndio como o da Serra da Estrela não se combate e nem se extingue da forma como foi feito em que à água dos aviões “não chegava cá abaixo” e os mais de mil bombeiros também não o conseguiam combater.
“É preciso definir em termos operacionais e estratégicos, É preciso pensar isto rapidamente para não se cometerem os mesmos erros todos os anos”, sustentou
O direito a um subsídio de risco equiparado às outras forças de segurança, a revisão nas regras de aposentação e na reserva, atribuição de um código deontológico e de uma carteira profissional foram outros assuntos abordados com o ministro.
Fernando Curto disse ainda que a reunião com a tutela “correu bem” e o ministro manifestou “boa vontade” em resolver algumas questões.