A Altri registou, no primeiro trimestre deste ano, um resultado líquido de 36,7 milhões de euros, calor que compara com 32,6 milhões de euros registados nos primeiros três meses do ano passado.
Num trimestre em que se continuou a verificar a descida do preço de venda da pasta BHKP e no qual se realizou a paragem anual de manutenção da sua unidade da Figueira da Foz, as receitas totais, incluindo o contributo de 100% da atividade da Bioelétrica, atingiram 207,4 milhões de euros, mais 19,6% que em igual período de 2018.
Durante o primeiro trimestre, o EBITDA do grupo situou-se nos 75 milhões de euros, correspondendo a um crescimento de 18% face a 2018, com a margem EBITDA a alcançar 35,9%.
No período em análise o grupo produziu cerca de 262,3 mil toneladas de pasta, apesar da referida paragem da Celbi, durante 15 dias, o volume de pastas produzidas aumentou cerca de 2% face ao trimestre homólogo de 2018.
A Altri reforçou, neste período, o seu perfil iminentemente exportador, tendo colocado nos mercados externos 242,4 mil toneladas, traduzindo-se numa receita de 156 milhões de euros, ou seja, mais 18% do que um ano antes.
PRINCIPAIS INDICADORES FINANCEIROS
(milhões de euros)
1T19 | 1T18 | ∆ 1T19/1T18 | |
Receitas | 207,4 | 173,4 | 19,6% |
Custos Totais | 132,8 | 110,1 | 20,6% |
EBITDA | 74,5 | 63,4 | 17,8% |
Margem EBITDA | 35,9% | 36,5% | -0,6 pp |
Resultado Liquido | 36,7 | 32,6 | 12,5% |
Os custos totais, excluindo amortizações, custos financeiros e impostos, no primeiro trimestre, ascenderam a cerca de 132,8 milhões de euros, o que corresponde a um crescimento de cerca de 21% face ao montante de custos registados no ano anterior. Este aumento explica-se, sobretudo, pela paragem de manutenção da Celbi e por um aumento significativo de produção na unidade industrial Celtejo.
Para além dos custos da paragem, merece destaque o nível de custos energéticos que se registaram na unidade industrial Celtejo, motivados pela utilização de combustíveis auxiliares, como gás natural, resultantes do processo de ramp up após a conclusão do plano de investimentos nesta unidade industrial. Com a paragem anual programa desta unidade, a decorrer durante o mês de Maio, é de prever um balanço energético positivo nesta fábrica.
Nos três meses, a empresa realizou um investimento líquido total de 22,9 milhões de euros, dos quais sete milhões são relativos à construção da nova central de biomassa na Figueira da Foz.
O endividamento nominal remunerado líquido deduzido de disponibilidades da Altri em 31 de março de 2019 ascendia a 397 milhões de euros, correspondendo a um decréscimo de 36 milhões de euros face à dívida líquida registada no final de dezembro de 2018.
A partir de 1 de Janeiro de 2019, as contas do Grupo Altri refletem a adoção da norma contabilística IFRS 16. Não foi efetuada a reexpressão das contas de 2018 de acordo com esta norma. Os principais impactos da norma no trimestre foram os seguintes:
EBITDA: incremento de 2,6 milhões de euros; Amortizações: incremento de 2,1 milhões de euros; Gastos financeiros: incremento de 0,6 milhões de euros; Ativo (“Direitos de Uso”): incremento de 69 milhões de euros; Passivo (“Passivo de locação”): incremento de 80 milhões de euros; Capitais próprios: redução de sete milhões de euros (líquido de impostos diferidos).
MERCADO DA PASTA DE PAPEL
O mercado de pastas de hardwood registou uma forte contração da procura durante os dois últimos meses de 2018, que se prolongou durante o primeiro trimestre de 2019. Assim, de acordo com os dados do Pulp and Paper Products Council (PPPC World Chemical Market Pulp Global 100 Report – March 2019), durante os primeiros três meses de 2019, a procura total de pastas hardwood decresceu cerca de 10% relativamente ao período homólogo ano anterior.
Em termos de evolução do preço da pasta BEKP, o primeiro trimestre de 2019 ficou caracterizado por um decréscimo do preço em USD face ao trimestre homólogo de cerca de 2%. Em euros, a evolução do preço médio registado durante o mesmo período foi de -6%.
Evolução do preço da pasta BHKP na Europa desde 2003 até maio de 2019 (EUR)
Fonte: FOEX
O calendário das paragens programadas das unidades industriais da Altri para o ano de 2019 é o seguinte: Celtejo: maio e a Caima: outubro.
Em termos de plano de CAPEX, a Altri prevê investir cerca de 80 milhões de euros em 2019, sendo que 30 milhões de euros são destinados à conclusão da central de biomassa da Figueira da Foz, cujo arranque se perspetiva para o terceiro trimestre de 2019.
ALTRI: UM PRODUTOR DE PASTA DE PAPEL EUROPEU DE REFERÊNCIA
A Altri é um produtor europeu de referência de pasta de eucalipto. Para além da produção de pasta, o Grupo está também presente no sector de energias renováveis de base florestal, nomeadamente a cogeração industrial através de licor negro e a biomassa. A estratégia florestal assenta no aproveitamento integral de todos os componentes disponibilizados pela floresta: pasta, licor negro e resíduos florestais.
A Altri gere cerca de 80 mil hectares de floresta em Portugal, integralmente certificada pelo Forest Stewardship Council® (FSC®)[1] e pelo Programme for the Endorsement of Forest Certification (PEFC), dois dos mais reconhecidos mecanismos de certificação florestal a nível mundial.
A Altri tem três fábricas de pasta em Portugal, com uma capacidade instalada superior a um milhão de toneladas/ano de pastas de eucalipto. Está também presente no sector da energia renovável de biomassa através da Bioelétrica da Foz, contando com quatro centrais de produção de biomassa com uma potência instalada de 62,1 MW. Até ao final de 2019, passará a contar com 96,6 MW de potência instalada. A utilização da biomassa para produção de energia é uma forma de utilizar resíduos florestais que, de outro modo, poderiam criar riscos ambientais, nomeadamente incêndios florestais.