Há muito que a necessidade de organização no setor citrícola algarvio é tema presente na fileira e as intenções materializam-se agora na AlgarOrange – Associação de Operadores de Citrinos do Algarve – que se assume de cariz profissional referente apenas a este segmento.
Formada em agosto passado está a dar os primeiros passos mas os objetivos estão bem definidos: promover os citrinos do Algarve sobretudo a nível internacional. Para já estão programadas várias participações em eventos como a III Mostra da Laranja em Silves e a Feira Nacional de Agricultura, em Santarém, entre outras iniciativas ligadas aos citrinos.
Formada por nove operadores – Cacial, Frusoal, Frutalgoz, Frutas Martinho, Frutas Tereso, Frutas Machorro e Filhos, Frutas Lurdes e Filhas, Frutas Matinhos e Parafrutas – está aberta à adesão de outros operadores com a esperança de que venha a tornar-se um marco para a citricultura do Algarve, confidencia José Oliveira, presidente da direção daAssociação constituída pela CACIAL, Frutalgoz e Frutas Tereso.
Nesta fase, o objetivo principal da Associação é a promoção, divulgação e valorização dos citrinos do Algarve, fundamentalmente virada para o exterior. E apesar de a expectativa ser a melhor também não há ilusão de que venha a ser um trabalho fácil, “uma vez que na história do setor citrícola do Algarve os seus intervenientes têm trabalhado de forma muito individualizada”. Acredita-se que agora estejam reunidas as condições para criar uma dinâmica de união de esforços. “Já se faz exportação mas o sentimento é que há condições para fazer muito mais. Se há empresas que já fazem esse trabalho individualmente, em conjunto será muito mais fácil”, assegura o presidente, ao mesmo tempo que assume também a qualidade dos citrinos do Algarve como um dado consensual. Ora, se têm características que podem diferenciar-se é isso que a AlgarOrange quer dar a conhecer “até porque enquanto região produtora não tem possibilidade de competir com outros produtores em termos de quantidade, nomeadamente Espanha, sendo a localização periférica um fator que imediatamente encarece o transporte do produto. Logo, resta-lhe batalhar pela qualidade e centrado em mercados específicos, pela diferenciação e valorizando a IGP que já existe”.
Olhando mais para a produção José Oliveira diz ser notório que tem havido investimento e algum apoio à instalação. Mas, da experiência que tem, a atual campanha não começou bem, desde logo porque iniciou-se mais tarde do que o habitual, devido às condições climáticas (falta de chuva, falta de frio …) e a primeira fruta que foi para o mercado não estaria ainda nas condições ideais de consumo, levando a um refreamento da compra. A comercialização da fruta no ponto ideal atrasou-se e agora (meados de janeiro) há muita fruta para comercializar sem que o mercado reaja positivamente.
Publicado na Voz do Campo n.º 223 (fevereiro 2019)