Somos hoje completamente dependentes dos combustíveis fósseis, apesar de conhecermos a sua finitude e, muito mais grave do que isso, termos a certeza absoluta que se não deixarmos de os queimar será impossível manter o atual padrão de vida no planeta.
A humanidade está confrontada com a necessidade de descarbonizar todas as suas atividades para garantir a sobrevivência neste frágil planeta. Em poucas décadas, e quando mais rápido melhor, todas as famílias e todas as empresas terão de ter uma pegada carbónica nula.
Na agricultura temos também este desafio, a par do aumento da produção para alimentar uma população crescente, da preservação do ambiente e da biodiversidade.
A boa notícia é que já existem hoje as tecnologias necessárias para eliminar o uso de energias fósseis para muitos trabalhos mecânicos, para produzir adubos minerais e para alguns tratamentos fitossanitários. Acresce que o solar fotovoltaico é atualmente a forma mais económica de produção de eletricidade!
As pequenas máquinas, hoje normalmente alimentadas por motores a gasolina a dois tempos, são barulhentas e poluentes devendo ser provavelmente banidas dos mercados a médio prazo. Contudo existem já alternativas elétricas de capacidade profissional alimentadas por modernas baterias, com melhores desempenhos e custos de funcionamento drasticamente inferiores. (https://youtu.be/vB78qCS1jvw?t=105)
Todos os grandes trabalhos mecânicos que hoje estão dependentes do gasóleo terão de ser convertidos para sistemas elétricos. Os tratores elétricos estão aí e se as marcas mais estabelecidas ainda apresentam apenas protótipos, começam a surgir novos players no mercado global com soluções disruptivas interessantes. (https://www.youtube.com/watch?v=uzqMUHIxbys)
Nos equipamentos automotrizes, a par da eletrificação, a autonomia começa a aparecer como tendência inequívoca de futuro. Já existem pulverizadores autónomos, mas teremos muitas outras máquinas que para além de não gastarem gasóleo vão dispensar o operador! (https://vitibot.fr/robots-viticoles-bakus/)
No transporte de mercadorias, onde o camião pesado é incontornável, parecem estar a criar-se as condições para uma verdadeira revolução com as tendências de eletrificação e autonomia. Quem não quer transportes mais eficientes, mais rápidos e mais baratos?
Os adubos minerais permitiram a revolução verde do século passado, mas hoje estão completamente dependentes da energia fóssil. Também nesta área há perspetivas interessantíssimas de descarbonização – o nosso país terá a primeira grande unidade de produção de amónia verde (https://eco.sapo.pt/2022/06/02/portugal-pode-exportar-amonia-verde-ja-em-2026/) – a base para produção de adubos azotados – e existem também projetos que apostam na sua produção na exploração agrícola (https://www.youtube.com/watch?v=5lsRb-OGu_U), com recurso ao fotovoltaico.
Se há alguns anos pensávamos que o controlo de infestantes seria sempre suportado em produtos herbicidas com crescente sofisticação, a pressão de alguns setores da sociedade poderá obrigar a encontrar alternativas. Também aqui a eletricidade pode dar uma ajuda pois já existem equipamentos que conseguem “electrocutar” infestantes sem gastar uma gota de qualquer produto! (https://www.youtube.com/watch?v=J13gt6gVn_g)
A eletrificação é uma das migrações que terão necessariamente de ocorrer, substituindo todos os processos que dependem de combustíveis fósseis. Mas em paralelo temos de pensar na origem da eletricidade que os vão alimentar. A produção agrícola só será verdadeiramente sustentável quando conseguir produzir localmente a totalidade das suas necessidades energéticas com recursos a fontes renováveis.
Sabemos o que temos de fazer – deixar de queimar combustíveis fósseis – e a mudança para as alternativas elétricas trará ainda enormes reduções de custos, uma melhoria das condições de trabalho e um aumento da qualidade de vida. De que é que estamos à espera?
Presidente do Conselho de Administração da EDIA
Alqueva Elétrico – A independência energética no setor agrícola – 28 de junho – Beja