A Federação Agrícola dos Açores (FAA) lamentou hoje a “estratégia” da indústria, de “continua baixa” do preço de leite pago aos produtores na região, numa altura em que os fatores de produção e a inflação “continuam altos”.
“A FAA reforça que lamenta a estratégia delineada pela indústria, de continua baixa do preço de leite pago aos produtores, alegando excesso de leite e aumento de ‘stock’ dos produtos lácteos, numa fase em que a maioria dos custos dos fatores de produção continuam altos e em que a inflação permanece a níveis superiores ao pretendido”, refere o organismo presidido por Jorge Rita, em nota de imprensa.
A FAA recorda que “as subidas em novembro do preço de leite no continente, praticadas pelo Pingo Doce e pela Lactogal, não se repercutiram nos produtores de leite açorianos, por isso, mesmo com as descidas anunciadas, o diferencial entre o preço médio de leite nos Açores e o continente, é de mais de 10 cêntimos, o que é muito significativo”.
“Sendo o Pingo Doce a indústria que mais subiu o preço de leite, ainda não anunciou qualquer descida do preço de leite aos seus produtores, até ao momento. Os anúncios da Bel, Prolacto, Unileite e Insulac, em São Miguel, e da Unicol, na Terceira, para os meses de maio e junho, vêm contribuir para a contínua desmotivação da fileira, que está em constante pressão e ameaça, devido a oscilações frequentes no seu rendimento”, aponta a FAA.
De acordo com a FAA, as indústrias, que “foram e continuam a ser fortemente apoiadas” pelos fundos comunitários, “muitas vezes não têm contribuído para a estabilidade financeira dos produtores de leite, pondo em causa a entrada de jovens agricultores no setor”.
Para o organismo representativo dos produtores, as indústrias “têm contribuído ainda, para que muitos produtores adiram à reconversão de leite para carne, e outros a diminuírem a produção, através da medida da redução voluntária da produção de leite, que se mantém em vigor em 2023”.
“Não compreendemos que se verifiquem sucessivas baixas de preço de leite ao produtor, e que os preços nos consumidores permaneçam altos, sem sofrer alterações significativas. Relembre-se que por exemplo, o preço de litro de leite UHT subiu ao consumidor aproximadamente 40 cêntimos, enquanto aumentou somente 20 cêntimos aos produtores de leite”, afirma a FAA.
Produtores de leite continuam a ser asfixiados pela Indústria