O recente debate entre os candidatos presidenciais André Ventura e João Cotrim Figueiredo foi marcado por um confronto direto sobre a política externa e o impacto do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul na economia portuguesa. Enquanto Ventura vê o tratado como uma ameaça à sobrevivência do setor primário, Cotrim Figueiredo apresenta-o como uma oportunidade indispensável para o crescimento das exportações.
A “Destruição” da Agricultura Nacional
André Ventura iniciou o tema com uma crítica severa às “elites europeias”, acusando-as de promoverem acordos que, na sua visão, irão “destruir a nossa agricultura”. O candidato argumentou que a abertura do mercado europeu a produtos provenientes da América do Sul irá inundar Portugal com concorrência externa, retirando “trabalho e dinâmica aos nossos agricultores”. Para Ventura, o projeto europeu, neste aspeto, falha em proteger os produtores locais em benefício de interesses globais.
Os Números da Exportação e o Emprego
Em resposta, João Cotrim Figueiredo classificou a resistência ao acordo como uma postura contraproducente, citando dados económicos para sustentar a sua posição. O candidato revelou que cerca de 40.000 postos de trabalho em Portugal dependem diretamente das exportações para os mercados do Mercosul. Além disso, destacou que Portugal exporta anualmente 2.500 milhões de euros para aquela região.
Cotrim Figueiredo reforçou que o setor agrícola português tem muito a ganhar com a descida de tarifas aduaneiras, especificamente na exportação de vinho para o Brasil, laticínios e fruta. O candidato chegou a referir que o adiamento da entrada em vigor deste tratado é considerado uma “tragédia” por entidades como a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), referindo declarações do seu Secretário Geral, desafiando Ventura a consultar as associações do setor antes de manter a sua posição crítica. Chegou a ironizar “Percebes mais de Agricultura que a CAP?”.
Visões Opostas sobre a Reforma Europeia
O embate sobre o Mercosul serviu de pano de fundo para uma divergência mais profunda: enquanto Ventura defende uma postura mais protecionista e crítica das decisões de Bruxelas, Cotrim Figueiredo defende o aprofundamento do mercado único e a reforma das instituições europeias a partir de dentro, mantendo Portugal como um parceiro comercial ativo e aberto ao exterior.
Autor: Agroportal Redacção











































