“A falta de segurança no mundo rural é um problema de todos”, afirmou ontem em Ponte de Sor o secretário-geral da CAP no Colóquio «A Segurança na Propriedade Rural».
No âmbito da XI Feira Agroflorestal, a AFLOSOR trouxe a debate o problema da falta de segurança no mundo rural, num Colóquio que contou com a participação de produtores, entidades do sector e representantes das autoridades da segurança nacional.
Convidado para o evento, Luís Mira, secretário-geral da CAP defendeu que, perante a abrangência dos ilícitos, só todos juntos: agricultores, produtores florestais, associações e organizações, forças de segurança, Autoridade Tributária e a ASAE “conseguiremos resolver este problema”.
Os furtos nas propriedades rurais afetam culturas (p.ex.: azeitonas, pinha, cortiça), animais e equipamentos (p.ex: postos de transformação, pivots de rega) e, “na maioria dos casos, os danos causados nas culturas comprometem o potencial produtivo e a reparação dos danos nos equipamentos são sempre mais avultados do que o valor do roubo”, completou Luís Mira com alguns exemplos. “No caso da cortiça, não só a próxima extração pode ficar afetada, como os danos nos sobreiros podem inviabilizar descortiçamentos futuros”. Também no furto registado em equipamentos, “o valor do cobre é muito inferior ao custo da reparação, e a produção também é drasticamente afetada, por exemplo, com a interrupção de rega numa cultura como o milho”.
O secretário-geral da CAP destacou ainda a necessidade de controlar o transporte dos produtos furtados “e de atuar junto dos seus recetores que, para além de pactuarem com estes crimes, cometem fraude fiscal”.
Neste contexto, Mira confirmou que a atuação da CAP passa pela apresentação de um conjunto de medidas ao Governo, nomeadamente:
– a alteração da moldura penal para que estas ocorrências também possam ser consideradas ‘crimes ambientais’ para além dos furtos e prejuízos consequentes;
– a criação de uma linha de financiamento para investimentos de segurança das explorações como cercas, portões, câmaras de vigilância, como formas de dissuasão de roubo e vandalismo, a enquadrar nas negociações europeias do novo quadro de financiamento plurianual.
O secretário-geral sublinhou ainda a importância da formalização da queixa junto das autoridades. “Para que CAP consiga demonstrar ao poder político que este problema é uma prioridade, têm de existir registos e estatísticas que revelem a real dimensão do problema”, ainda que reconheça que esse procedimento deve ser simplificado e menos moroso.
O artigo foi publicado originalmente em CAP.