Agricultores e processadores brasileiros e indústria europeia estabelecem plano de ação integrado para produção e comércio de soja sustentável
Aprosoja, Abiove, Fediol, Fefac e IDH, parceiros da cadeia de valor da soja, assinam memorando de entendimento para fortalecer a cooperação na área de produção sustentável de soja
No passado dia 19 de Janeiro, a Aprosoja, ABIOVE, FEDIOL, FEFAC e a IDH assinaram um memorando de entendimento para apoiar e ampliar a produção de soja sustentável no Brasil e sua promoção no mercado europeu. É a primeira vez que um relacionamento de trabalho é formalizado entre a cadeia da soja brasileira e importantes compradores europeus, compartilhando uma visão mútua e um plano de ação que promove a produção de soja sustentável no Brasil e seu consumo na Europa.
O acordo reúne uma das maiores entidades representativas dos agricultores brasileiros – a Aprosoja – e organizações que representam a indústria de óleos vegetais e rações animais do Brasil (Abiove) e da Europa (Fediol e Fefac). Este acordo do setor privado, o qual conta com o suporte do IDH, a Iniciativa de Comércio Sustentável, apoia vários objetivos do Código Florestal Brasileiro, destacando-se o de preservação de habitats naturais, por meio da promoção de práticas agrícolas sustentáveis em fazendas de soja.
A assinatura do memorando é o reconhecimento por parte da Europa de que o programa de gestão rural Soja Plus, desenvolvido pela Aprosoja e pela Abiove, é a iniciativa mais adequada para o estabelecimento da soja mato-grossense como um produto “sustentável”, atendendo a preceitos definidos pela Fefac em seu programa “Soja Responsável”.
As partes reconhecem que as atuais iniciativas setoriais de soja sustentável na Europa e no Brasil são complementares. Acreditam que, ao alinhar sua visão e suas ações, vão acelerar a produção de soja sustentável no Brasil e o comércio do produto na Europa.
O Brasil produziu, em 2016, mais de 95,4 milhões de toneladas de soja (fonte:CONAB). A UE é a segunda maior importadora de soja do Brasil. Em 2015, a Europa importou 5.8 milhões de toneladas de soja e 8.4 milhões de toneladas de farelo de soja do Brasil (fonte: Oil World).
Criado em 2011, o programa Soja Plus leva orientação aos agricultores para que adequem suas propriedades rurais às exigências da legislação ambiental, fundiária e trabalhista. Atualmente, 1.084 produtores rurais de Mato Grosso participam do programa, que também está presente nos estados de Minas Gerais, Bahia e Mato Grosso do Sul.
“Com a assinatura do memorando, o Programa Soja Plus passa a ser reconhecido com um programa de produção sustentável, servindo como passaporte da soja brasileira para o mercado europeu”, enfatiza Endrigo Dalcin, presidente da Aprosoja.
O presidente da Abiove, Carlo Lovatelli, diz: “Os europeus reconhecem o trabalho do Soja Plus, programa de gestão econômica, social e ambiental da propriedade rural, para melhorar, de modo prático e objetivo, a sustentabilidade na sojicultura. O programa visa orientar o produtor para o atendimento da legislação ambiental brasileira e, dessa forma, contribui para o fornecimento de soja e farelo que agregam serviços ambientais. Produtores e processadores têm interesse em fortalecer a imagem da soja brasileira na Europa, maior mercado importador de farelo proteico para a indústria de ração animal”.
O presidente da Fediol, Henri Rieux, comenta sobre a ação. “O ponto forte desse acordo é que empresas importantes estão se comprometendo com uma abordagem em cadeia para lidar com a questão da produção sustentável de soja no Brasil e a aceitação desses produtos na Europa. Estamos confiantes de que esse diálogo aprimorado terá um impacto positivo e nos permitirá atender melhor às necessidades das partes interessadas na Europa”.
“Com este acordo, podemos apoiar proativamente avanços de agricultura sustentável no nível das fazendas de soja no Brasil e nos aproximar mais de uma transição de mercado convencional do fornecimento físico responsável de soja para a Europa.”, destaca Ruud Tijssens, presidente da FEFAC.
O diretor do programa de soja do IDH, Lucian Peppenelenbos, ressalta a importância da iniciativa. “Este acordo é um importante passo para que os produtores e a cadeia de soja prestem uma contribuição direta e verificável às ambiciosas metas do governo Mato Grossense que se comprometeu a parar o desmatamento ilegal en 2020 e reduzir o desmatamento em 90% na Amazônia e em 95% no Cerrado até 2030. Será também uma contribuição significativa para os objetivos nacionais do Brasil como parte do Acordo Climático de Paris.”
Sobre entidades:
APROSOJA – A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) é uma entidade que congrega mais de 5.000 agricultores. Criada em 2005, é uma entidade do terceiro setor focada para a busca de programas e iniciativas que garantam segurança jurídica para a atividade agrícola e que levem à sustentabilidade da sojicultura no estado. Atualmente, a Aprosoja representa 9.396.349 de hectares de área plantada com soja e um volume de 30.469.579 toneladas produzidas do grão, colocando-a como representante de 9,02% da soja mundial. Os dados são relativos a safra 2016/17 e foram levantados pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).
ABIOVE – A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) congrega 13 empresas processadoras de soja e produtoras de biodiesel, responsáveis por 60% do processamento e exportação da oleaginosa. O Complexo Soja (soja em grão. farelo e óleo) liderou a pauta das exportações brasileiras em 2015, com ingresso de US$ 28 bilhões.
FEDIOL – A FEDIOL, associação industrial de óleo vegetal e farelo proteico, representa os interesses das esmagadoras de sementes oleaginosas, refinadores de óleo vegetal e engarrafadores europeus. Os membros da FEDIOL são 12 associações nacionais e empresas associadas em 5 outros países da UE. Com cerca de 150 instalações na Europa, o setor oferece 20.000 empregos diretos. Seus membros processam aproximadamente 55 milhões de toneladas, por ano, de produtos básicos de origem europeia e são importados para outros trinta países comerciais. O setor processa, principalmente, colza, semente de girassol, soja e linhaça, que se transformam em óleos e farelos para comida, ração e uso técnico e de energia, especialmente no mercado europeu. www.fediol.eu.
FEFAC – A Federação Europeia de Fabricantes de Ração Composta, representa 23 associações nacionais em 22 estados-membro da UE, além de associações na Suíça, Turquia, Sérvia, Rússia e Noruega com status de membro observador/associado. O setor europeu de ração composta emprega cerca de 110.000 pessoas em aproximadamente 4.000 unidades de produção, geralmente em áreas rurais que oferecem menos oportunidades de emprego. www.fefac.eu
IDH – A Iniciativa de Comércio Sustentável (IDH) é uma organização sem fins lucrativos que reúne empresas progressistas, organizações da sociedade civil e governos em parcerias público-privadas para transformar mercados no sentido de alcançar produção, comércio e consumo com maior sustentabilidade ecológica e social. A IDH opera globalmente em 11 setores de commodity e em 11 cenários em mais de 40 países. Com seus mais de 500 parceiros, a IDH desenvolve, conduz, cofinancia e avalia modelos de negócios inovadores que têm o potencial de gerar sustentabilidade, do nicho ao convencional. www.idhsustainabletrade.com.
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