O Estudo do Fórum Económico Mundial, Future of Jobs, que destacamos esta edição, revela que a profissão de operador de máquinas agrícolas vai crescer fortemente até 2027 a nível mundial. Uma tendência explicada pela maior sofisticação da tecnologia existente na atual oferta de maquinaria na área “agro” (com consequente necessidade de profissionais capacitados), mas também pelo encurtamento das cadeias de abastecimento pós-pandemia.
Esta questão da mecanização e do tipo de colaboradores que a agricultura necessita é de extrema importância para o desenvolvimento do setor. Desde logo, porque vai permitir atrair para a atividade gente mais jovem e formada, nativos tecnológicos e com gosto pelos instrumentos de precisão. O conceito smart farming, um forte aliado da eficiência e da sustentabilidade, vai permitir também dinamizar e rejuvenescer a tipologia de agricultores. E, por muito que uma certa fação mais conservadora e saudosista queira resistir à inovação ou levante obstáculos sobre a exequibilidade da adoção e massificação destas tecnologias, é mesmo por aqui que vai passar o futuro. E está tudo certo.
Em primeiro lugar, porque vai permitir elevar a fasquia e trazer mais conhecimento ao setor, com as óbvias vantagens que já referi. Com a eficiência à cabeça, que traz rentabilidade, mas também racionalidade na utilização de fatores de produção e, com isso, uma menor pegada ecológica.
“O fim do ‘acho que’ é uma conquista preciosa que deve ser festejada. Porque transforma o agricultor num gestor e muda o paradigma agrícola, ainda muito encostado a dogmas de almanaque Borda d’Água.”
A agricultura de precisão traz um superpoder: o de decidir com dados fiáveis. O fim do “acho que” é uma conquista preciosa que deve ser festejada. Porque transforma o agricultor num gestor e muda o paradigma agrícola, ainda muito encostado a dogmas de almanaque Borda d’Água. As máquinas vão criar mais emprego e oportunidades no setor agrícola. A diferença é que será um trabalho qualificado e bem remunerado, que acrescentará valor às explorações.
Nada disto acontecerá com um estalar de dedos, mas é preciso preparar esta nova geração. Desde logo, mudando o discurso cinzento da agricultura e das eternas dificuldades. Puxando pelos bons exemplos e fazendo deles o estandarte. Recuperando o brio. Mesmo que o contexto seja adverso. Conseguimos?
#agricultarcomorgulho
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.