A gestão da gama de vinhos numa garrafeira com mais de 2.000 referências, entre vinhos tranquilos, espumantes e fortificados, requer inevitavelmente um trabalho contínuo de procura e seleção dos melhores vinhos e produtores.
Quando transpomos esta realidade para um parque de quase 350 lojas de diferentes dimensões, de norte a sul do país até às ilhas, o desafio é ainda maior. É esta a realidade das garrafeiras das lojas do Continente, e é também por isso que conta com uma equipa de enólogos há mais de uma década.
Estamos a falar de um sector com centenas de produtores nacionais nas diferentes regiões e de um grande dinamismo a nível de novos lançamentos no mercado. Todos os meses existem vinhos novos, mas o espaço das prateleiras na garrafeira não é ilimitado.
Por isso mesmo, sabemos que é necessária uma gestão eficiente do sortido, mas também não podemos esquecer a necessidade de mostrar novidades e acompanhar o que são as tendências de mercado, até porque existe de facto essa exigência por parte do cliente.
O trabalho de seleção dos vinhos para a garrafeira do Continente é efetuado com um primeiro critério basilar: a qualidade dos vinhos. Este critério essencial é garantido com o recurso a provas cegas regulares, efetuadas pelos três enólogos da equipa. São mais de 1.000 amostras provadas todos os anos com este método, escrutinadas de forma isenta e rigorosa, sem qualquer identificação da sua marca ou produtor, apenas sabendo a região e o ano de colheita.
Nessas provas, muitos dos vinhos provados são amostras de produção, amostras de cuba, de barrica, e que nos chegam para avaliação ainda numa fase “embrionária”. Nessa fase, estes vinhos ainda não têm “nome”, são projetos de parceria que desenvolvemos com diferentes produtores e que nos permitem, em conjunto, definir a sua identidade e qualidade, com base no que acreditamos ser a melhor proposta de valor para os nossos clientes.
A sala técnica de provas da MC tem sido, na última década, uma “incubadora” de novos vinhos, que nos chegam de produtores mais ou menos conhecidos, de maior ou menor dimensão, mas sempre com o foco na qualidade.
Outro dos aspetos essenciais a ter em consideração no desenvolvimento e na seleção de vinhos de uma garrafeira com estas características, com um público-alvo muito diversificado é a inovação.
O sector vitivinícola nacional é muitas vezes visto como conservador, mas sentimos cada vez mais que existe vontade de mostrar produtos diferenciadores e inovadores, que captem a atenção e a preferência dos clientes, principalmente dos consumidores menos tradicionais.
Nas últimas edições da Academia do Clube Produtores Continente, por exemplo, temos notado exatamente isso. Os produtores de vinhos têm superado todos os anos o desafio de apresentar projetos e produtos inovadores, chegando mesmo a conquistar o prémio Inovação do Clube, em 2021.
Entre as várias ideias que têm sido apresentadas na Academia do CPC, encontramos embalagens inovadoras no mercado nacional, como é o exemplo do vinho em formato pouch, vinhos brancos e tintos parcialmente desalcoolizados, fortificados com redução do teor de açúcar, etc, mostrando assim que o sector está atento a temáticas como a sustentabilidade ou saúde.
A mais recente aposta na inovação, coloca mesmo o cliente no “centro” do desenvolvimento e da procura destas tendências, com a inauguração do Co-Lab, o laboratório criado para a idealização de produtos em conjunto com o consumidor.
Na MC, acreditamos que o sucesso daquela que é a garrafeira com maior quota de mercado na grande distribuição, deve-se assim a dois pilares essenciais: parcerias fortes com os produtores e capacidade de ouvir o cliente e perceber o que procura. Só assim é possível garantir que construímos uma gama de vinhos adequada ao que são as necessidades e expectativas de um consumidor cada vez mais exigente.
Vera Casanova, Category Specialist/Enóloga MC Sonae
Matilde Gomes, Category Specialist/Enóloga MC Sonae