A avestruz (Struthio camelus) é uma espécie de grande porte, sem capacidade de voo e bastante veloz (50-80 km/h), pertencente à classe das aves e ao grupo das ratites. O seu habitat natural caracteriza-se por espaços abertos com amplo campo de visão. Encontra-se em zonas desérticas e arenosas, assim como na savana típica ou parcialmente arborizada.
Existem quatro subespécies de avestruzes: a do Norte de África (S. camelus camelus), que se encontra nas zonas do Saara e do Sahel e a sul das Montanhas do Atlas; a da Somália (S. camelus molybdophanes), que habita no nordeste africano; a da África do Sul (S. camelus australis), que existe a sul do continente africano, a partir do Zambeze; e a dos Massais (S. camelus massaicus), existente na áfrica oriental, no Quénia e parte da Tanzânia. Uma outra subespécie, já extinta, a avestruz Arábica (S. camelus syriacus), habitava as regiões do Médio Oriente.
Explorada inicialmente pelas suas plumas, a avestruz constitui uma espécie animal cujos produtos de alta qualidade, tais como pele, carne, penas e ovos, constituem uma fonte de rendimento para as diversas explorações existentes.
A produção mundial teve início em meados do século XIX na África do Sul, tendo atingido o seu apogeu em 1896.
O aparecimento da incubadora artificial contribuiu fortemente para a expansão desta atividade, atingindo-se um efetivo de cerca de 1 milhão de exemplares.
Em 1916, o efetivo sofreu uma redução drástica para menos de metade, atingindo um mínimo de 25.500 animais em 1930. Em 1945, verificou-se uma melhoria do setor, como consequência da diversificação da produção, sobretudo carne seca ao sol. Durante a década de 60, deu-se um novo desenvolvimento, com a grande procura de pele a nível mundial. Apesar da política protecionista da África do Sul, ao regular o comércio externo mediante um sistema de autorizações à exportação, o número de reprodutores existente noutros países foi suficiente para permitir um desenvolvimento rápido do setor.
A nível europeu, a indústria de avestruzes está em plena expansão. Em 1995, o número de explorações estimava-se entre 280 e 600 e o número de reprodutores entre 5.000 e 9.000 exemplares. A balança comercial traduz um predomínio das importações comunitárias.
Em Portugal, as primeiras avestruzes datam de 1989, oriundas da namíbia. Em 1995, foi fundada a Associação Nacional de Criadores de Avestruzes de Portugal (ANCAP), com o intuito de defender os interesses do setor junto das autoridades oficiais.
Comercialmente, as avestruzes são conhecidas por três tipos: «Red-Neck», que inclui as subespécies do Norte de África e dos Massais, em que os machos apresentam pele de tonalidade avermelhada e são as aves de estatura e porte mais elevado; «Blue-Neck», do qual fazem parte as subespécies da Somália e da África do Sul, em que os machos têm uma tonalidade azulada, sendo mais resistentes e têm uma maior taxa de sobrevivência dos recém-nascidos; e «African Black», resultante do cruzamento seletivo entre a subespécie da África do Sul e as subespécies do Norte de África e Arábica, que são mais dóceis e têm posturas mais elevadas.
As perspetivas económicas são incentivadoras face à grande procura de produtos primários (pele e carne) e secundários (plumas e ovos), para além da comercialização de reprodutores.
De entre os diversos produtos obtidos, a pele é o que representa maior valor económico, correspondendo a cerca de 75% do rendimento total. Este facto deve-se às suas excelentes características de durabilidade, flexibilidade e resistência.
A carne desta espécie é de primeira qualidade, atendendo ao seu baixo teor de gordura e colesterol, elevado coeficiente de digestibilidade e boa palatabilidade. Os animais destinados à produção de carne são abatidos aos 12-14 meses de idade, com um peso entre 90 e 100 kg. O rendimento de carcaça varia entre os 35-45 kg.
A produção de penas é considerada como uma atividade complementar. São retiradas a partir dos 14 meses de idade, com intervalos de 9 ou 10 meses, sendo utilizadas na indústria têxtil.
Os ovos férteis são utilizados para reprodução, enquanto que os inférteis podem servir para a alimentação humana ou, então, para artesanato e joalharia.
Pedro Fontes Sampaio
Direção Regional de Agricultura
Secretaria Regional de Agricultura e Pescas
Região Autónoma da Madeira
Publicado na Voz do Campo n.º 220 (novembro 2018)