A aplicação de determinados nutrientes no amendoal de forma correta e equilibrada, melhora a produção quantitativa e qualitativa da amêndoa
Introdução:
Entre os diferentes nutrientes, com as funções citadas anteriormente, vamos destacar dois, que têm uma grande influência no desenvolvimento vegetativo e na produção do amendoal, que são o Zinco e especialmente o Boro.
Relativamente ao Zinco, verifica-se que a falta deste, pode causar diminuição da produção e redução dos crescimentos vegetativos, contribuindo nos casos mais graves a desfoliações precoces e à obtenção de frutos mais pequenos.
A carência de Zinco é frequente no amendoal, em especial nos solos com pH muito elevado, onde este elemento está pouco disponível e em solos sujeitos a adubações muito elevadas em fósforo, por antagonismo iónico. A sintomatologia manifesta-se por entrenós mais curtos e folhas pequenas em roseta.
No que se refere ao Boro, a importância deste microelemento é decisivo para a produção do amendoal, cuja falta provoca grandes disturbios nas plantas, desde anomalias florais, má germinação do pólen e fraco crescimento do tubo polínico.
Nos amendoais da Região Norte, a carência de boro observa-se com alguma frequência. Ela tem efeitos muito notórios nos mesmos, como abortos florais e falta de vingamentos.
Assim vamos descrever o papel destes nutrientes para a planta, sintomatologia, causas das carências e tratamento das mesmas.
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ZINCO
Quais as funções?
. É um elemento de grande necessidade entre a rebentação
e a floração
. Intervém na síntese da clorofila
. É um micronutriente que falta muitas vezes no solo
e é importante para os jovens amendoais
Quais os sintomas, quando em falta?
A carência de zinco causa desordens hormonais que perturbam o crescimento, e que se fazem sentir principalmente nas Primaveras frias e nos solos com excesso de fósforo; esta manifesta-se com folhas pequenas, alongadas e agrupadas em roseta (fig. 1), entrenós mais curtos (fig.2) e diminuição de produção.
Em que situações podem surgir estas carências?
. Em solos ácidos, arenosos e pobres em zinco
. Em solos de pH elevado
. Em solos ricos em Fósforo
. Nas Primaveras frias
QUADRO 1 – Extracções dos nutrientes pela Amendoeira por kg /ha de amêndoa de casca (*)
Quais as soluções?
. As aplicações foliares são preferíveis às aplicações ao solo, por se tornarem mais eficazes
. Via foliar: antes da floração, através do sulfato de zinco
Nota 1: como boa medida preventiva aplicar o zinco após a colheita e antes da queda das folhas, ou no Inverno, na dose de 0,2% – 0,4% (conforme a intensidade da desfoliação).
BORO
Quais as funções?
. É indispensável no crescimento vegetativo, na evolução dos botões florais, na floração e no vingamento
. Ele intervém na germinação do pólen e no crescimento do tubo polínico
. É um elemento pouco móvel na planta, cuja carência no amendoal tem efeitos muito negativos na produção
Quando em carência, quais os sintomas?
Nos orgãos vegetativos: folhas mais pequenas do que o normal e dispostas em roseta na base das ramificações; morte de gomos florais do terço superior das lançamentos; ramos pouco revestidos, especialmente nas pontas das árvores (fig. 3); ruptura de tecidos (fig. 4); casca rugosa, com tendência a fendilhar (fig. 5).
Nos órgãos reprodutores: deformação e dessecamento precoce das pétalas, fraca rebentação; mau vingamento dos frutos; exudações de gomose nos frutos (fig. 6).
Em que situações podem surgir estas carências?
. Em solos de pH elevado ou muito ácidos
. Em solos com calcário activo abundante
. Em solos arenosos lixiviados
. Em situações de secura prolongada
. Em solos com baixos teores de matéria orgânica
Quais as soluções?
As aplicações foliares de boro nos seguintes estados vegetativos:
Nota 2: como boa medida preventiva aplicar o boro após a colheita ou sobre a madeira, na dose de 0,5 a 1 kg por 100 litros de água (conforme a intensidade da carência). Esta aplicação no Verão melhora a floração e a frutificação do ano seguinte ( melhoria na germinação do pólen, no crescimento do tubo polínico e na divisão celular).
Valores de referência do Boro e Zinco para interpretação dos resultados da análise foliar:
Bibliografia Consultada:
CTIFL, Centre Technique Interprofessionnel de fruits et legumes – Le Amandier, 1997
GUERRA, António Pedro Tavares Guerra – Algumas considerações sobre a Fertilização das culturas arbóreas, D.R.A.E.D.M., 1986
LOUÉ, André – Los Microelementos en agricultura, 1988
TROCME, S. GRAS, R – Suelo y Fertilizacion en Fruticultura, 2ª édition, 1979
Autoria: António Pedro Tavares Guerra
. Engenheiro Técnico Agrário
. Licenciado em Engenharia Agro-Pecuária
. Formador e Consultor Técnico em Nutrição Vegetal