A batata-doce (Ipomea batatas) é uma planta originária da América do Sul e trazida para a Europa pelos portugueses.
A parte comestível é uma raiz tuberosa, de formato geralmente oblongo a cónico. É uma cultura rústica e com baixos custos de produção. Adapta com alguma facilidade às condições agroecológicas e tem boa resistência contra pragas e doenças.
“Batata-doce da Madeira” é a designação atribuída às raízes das variedades tradicionais obtidas nas ilhas habitadas do Arquipélago da Madeira, nomeadamente das variedades “Brasileira”; “5 bicos”; “Cenoura regional”; “Inglesa”; “Cabeiras”; “Amarelinha” e “Cabreira branca do Porto Santo”, entre outras formas cultivadas de variedades produzidas segundo as práticas tradicionais das ilhas da Madeira e do Porto Santo.
A propagação da batata-doce é feita normalmente a partir de “estacas” recolhidas em plantas adultas ou em “socas” produtoras de material de propagação, obtidas em outras parcelas da exploração ou provenientes de outras explorações agrícolas locais ou regionais.
As variedades tradicionais podem apresentar um ciclo vegetativo longo, de mais de 10 meses, ou médio, de 6 a 8 meses. Neste último caso, é quase possível obter duas produções por ano. Estas variedades são preferidas às variedades mais precoces (4 meses), recentemente introduzidas, pois o seu sabor é mais apreciado.
A plantação é realizada entre maio e junho ou entre setembro e outubro, consoante o local onde se realiza a mesma e variedade em causa. É realizada uma cava pouco profunda e, na formação dos camalhões, é habitual fazer-se uma cama com materiais vegetais mais ou menos secos, como a feiteira ou a giesta, incorporando, quando possível, matéria orgânica compostada de estrume de animais da exploração ou explorações vizinhas.
Apesar da batata-doce ser uma planta resistente à seca, uma boa irrigação promove a qualidade e o rendimento da cultura. A irrigação deve, por isso, ser equilibrada e ter em consideração a fase de crescimento em que as plantas se encontram. A cultura exige humidade nos períodos de enraizamento e crescimento, mas a rega é sempre realizada com o cuidado de não provocar o encharcamento do solo. As regas devem ser espaçadas no período pré-colheita, para que a batata “atempe”, evitando alterações no sabor e prevenindo o aparecimento de podridões no período da conservação.
São poucas as pragas e doenças que afetam esta cultura, sendo as mais habituais a cigarrinha verde e algumas viroses.
A colheita deverá ser realizada com cuidado, para que não ocorram cortes ou ferimentos na batata-doce. Esta operação é realizada manualmente, com o auxílio da enxada e, consoante a variedade e o local de produção, pode decorrer em setembro ou a partir de dezembro. Após a colheita, ficam sobre a terra a secar, num processo designado por “cura”, que tem como objetivo finalizar o desenvolvimento da pele e cicatrizar cortes e feridas provenientes da colheita.
No final da cura, a pele da batata-doce funcionará como uma barreira a organismos de decomposição e à desidratação durante o armazenamento.
Artigo publicado originalmente em DICAs.