A cisticercose bovina é uma doença parasitária zoonótica que representa um problema socioeconómico e de saúde pública.
No ciclo da cisticercose bovina, o Cysticercus bovis constitui o estádio larval da Taenia saginata.
O bovino é o hospedeiro intermediário e o homem o hospedeiro definitivo.
Nesse ciclo, os humanos são contaminados ingerindo carne bovina crua (com o cisticerco viável) ou que não atingiu 65°C no seu processo de cozedura, enquanto os bovinos são infetados ao consumirem água ou pastagem contaminadas com ovos viáveis do parasita ou por qualquer outro modo que leve à ingestão desses ovos, mesmo que esporádico e involuntário. Os ovos são eliminados nas fezes dos humanos portadores de Taenia saginata e podem sobreviver na pastagem durante vários meses.
A cisticercose bovina é um achado de matadouro durante o exame post mortem, através da avaliação das características morfológicas macroscópicas dos cisticercos, classificando-os como vivos ou calcificados. No entanto, muitas vezes é necessária uma avaliação, através de um exame histopatológico para diferenciação das lesões. A cisticercose bovina leva a rejeições no exame post mortem de carcaças, ocasionando relevantes perdas económicas para os produtores.
A falta de educação sanitária da população e a deficiência de saneamento básico constituem os principais fatores de risco para o desenvolvimento do ciclo biológico da cisticercose bovina. A falta de fossas ou destino incorreto de esgotos em algumas áreas favorece a contaminação ambiental, sendo comuns os casos em que os bovinos acabam ingerindo involuntariamente fezes humanas.
Uma pessoa infetada elimina milhões de ovos por dia, livres nas fezes ou em proglótides. Cada proglótide contém cerca de 80 000 a 250 000 ovos que podem sobreviver na pastagem por vários meses.
Artigo publicado originalmente em DICAs.