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– 29-04-2008 |
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Fome: Etanol passou de her�i a vil�o em pouco mais de nove mesesNo in�cio de Julho do ano passado, o etanol brasileiro foi a grande estrela, numa confer�ncia internacional de dois dias, organizada pela União Europeia, em Bruxelas. Visto como her�i na luta contra o aquecimento global, a confer�ncia sobre etanol reuniu o primeiro-ministro portugu�s e os presidentes brasileiro, Lula da Silva, e da Comissão Europeia, Dur�o Barroso. O objectivo foi lan�ar o debate sobre o desenvolvimento de um mercado internacional de produ��o e com�rcio de combust�veis alternativos ao petr�leo, com a meta de substituir 10 por cento do consumo europeu, até 2010. Quatro meses antes da confer�ncia em Bruxelas, Lula da Silva, que se transformou numa esp�cie de s�mbolo internacional do etanol, havia recebido uma visita in�dita do colega norte-americano. George Bush quis conhecer de perto a experi�ncia brasileira, e ouviu de Lula da Silva que a parceria entre o Brasil e os EUA para estimular a produ��o de etanol representava "o grande desafio energ�tico do s�culo XXI". "não será apenas uma parceria econ�mica entre Brasil e EUA. A estreita associa��o para produ��o do etanol possibilitar� a democratiza��o do acesso � energia", afirmou Lula da Silva, ao fim do encontro. No in�cio de Abril, pouco mais de nove meses depois da confer�ncia de Bruxelas, a análise come�ou inverter-se, e o etanol transformou-se de her�i em vil�o da alta do pre�o internacional dos alimentos. O argumento � que a utiliza��o de culturas tradicionais, como milho e trigo, e de vastas áreas cultiv�veis na produ��o de biocombust�veis t�m causado um aumento sem precedentes dos pre�os dos alimentos. O relator da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) para o Direito � Alimenta��o, Jean Zigler, foi o primeiro a condenar a transforma��o de alimentos em combust�veis, o que classificou de "crime contra a humanidade". Ao discurso de Zigler, seguiram-se vozes como a do presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, e do Fundo Monet�rio Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn. Hoje mesmo, o secret�rio-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciou que as Na��es Unidas decidiram criar uma c�lula de crise para responder aos problemas alimentares mundiais causados pela subida dos pre�os. A medida foi anunciada numa confer�ncia de imprensa em Berna, onde Ban Ki-moon e os dirigentes de 27 ag�ncias e organismos da ONU estáo reunidos � porta fechada desde segunda-feira para delinear um plano contra a crise provocada pelo aumento do pre�o de produtos alimentares. Por sua vez, o director do Banco Mundial, Robert Zoellick, garantiu que "as pr�ximas semanas seráo cr�ticas" e afirmou que a instituição que lidera planeia criar um fundo para financiar os países mais pobres e ajud�-los nas respectivas agriculturas. A semana passada, o Programa Alimentar Mundial (PAM) advertiu que a subida do pre�o dos produtos alimentares constitui o maior desafio da sua hist�ria, um "tsunami silencioso" que pode amea�ar de fome dezenas de milhões de pessoas. Segundo a directora do PAM, Josette Sheeran, as reservas de alimentos no mundo estáo ao nível. mais baixo dos �ltimos 30 anos devido ao aumento incessante dos pre�os no mercado mundial. Antes do in�cio dessa ofensiva contra os biocombust�veis, um dado divulgado em Janeiro, j� havia deitado por terra o argumento do Governo brasileiro de que a produ��o de etanol não amea�ava a Amaz�nia. Em 2007, Lula da Silva comemorou, durante a Assembleia Geral da ONU sobre altera��es clim�ticas, a diminui��o de 25 por cento da desflorestação, entre Agosto de 2005 e Julho de 2006. Imagens de satélite mostraram, entretanto, que a desflorestação da Amaz�nia voltou a ganhar um ritmo "nunca antes visto", no segundo semestre de 2007, ap�s tr�s anos consecutivos de diminui��o. Para os ambientalistas, os dados confirmam a tese de que a utiliza��o de pastagens para o plantio de cana-de-a��car, base da produ��o de etanol, tem deslocado os rebanhos bovinos para a Amaz�nia. Historicamente, sempre que os pre�os da soja e da carne bovina aumentam no mercado internacional h� uma intensifica��o da destrui��o da maior floresta tropical do mundo. A recente ofensiva contra os biocombust�veis levou o Governo brasileiro a adoptar um discurso mais duro em defesa do etanol brasileiro. No in�cio, Lula da Silva chegou a dizer que o problema mundial não era a diminui��o da oferta de alimentos, mas a falta de renda das popula��es pobres para adquirir os produtos. Em recente viagem � Holanda, mudou o tom e disse que a subida dos pre�os dos alimentos era causada pelo aumento do consumo por parte da popula��o pobre, nomeadamente da China e da �ndia. Na semana passada, pela primeira vez, classificou o programa norte-americano de produ��o de etanol a partir do milho de "equ�voco" e disse que as cr�ticas ao etanol são "fal�cias" movidas por interesses comerciais. Para tentar reverter o jogo a favor dos bicombust�veis junto � opini�o pública internacional, o Governo brasileiro planeia organizar uma confer�ncia, em Novembro, em são Paulo. A ideia � discutir as vantagens e desvantagens dos combust�veis alternativos de "forma racional", segundo disse o presidente. Lula da Silva Também participar� da pr�xima reuni�o da Organiza��o para Agricultura e Alimenta��o (FAO), �rg�o da ONU para combate � fome, em Roma. Outra iniciativa do Governo brasileiro será a contrata��o de uma empresa internacional de rela��es públicas para a conquista da opini�o pública. O objectivo será divulgar trabalhos de especialistas brasileiros, em publica��es internacionais, mostrando a diferen�a entre o etanol produzido no Brasil e nos demais países. Um dos dados � que as plantações de cana-de-a��car destinadas � produ��o de etanol ocupam apenas um por cento da área total agricult�vel do Brasil. Apesar de ocupar 3,6 milhões de hectares, de um total de 355 milhões de hectares, a produ��o de etanol � suficiente para abastecer metade do consumo de combust�vel dos autom�veis. Os Estados Unidos, por seu turno, ocupam quatro por cento de sua área agricult�vel com plantações de milho destinadas � produ��o de etanol, mas produzem apenas dois por cento do total do consumo. Essa diferen�a � porque a produtividade da cana-de-a��car, na produ��o de etanol, � mais de duas vezes superior � do milho. Outro argumento a favor do etanol � de que a safra brasileira de gr�os tem registado recordes sucessivos de produ��o, nos �ltimos anos, apesar do aumento da produ��o de etanol. Ou seja, as lavouras de cana-de-a��car não estáo a tomar o lugar dos cultivos tradicionais de alimentos, segundo a estatal Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A mais recente projec��o oficial indica que a produ��o agr�cola brasileira aumentar� 6,8 por cento este ano, na compara��o com 2007, para 140,77 milhões de toneladas, o maior valor de sempre. A contra-ofensiva do Governo brasileiro incluirá ainda a criação do chamado "selo verde", uma esp�cie de garantia de que o etanol não causou danos ao meio-ambiente. O certificado, concedido pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normaliza��o e Qualidade Industrial (Inmetro), garantirá Também a não utiliza��o de m�o-de-obra escrava, ainda comum no interior do país. O governo vai criar Também um zoneamento ambiental para disciplinar as plantações, determinando as áreas onde não será permitido o cultivo de cana-de-a��car. A prioridade será plantar cana-de-a��car apenas em áreas de pastagens, afastando definitivamente assim um poss�vel avanão na Amaz�nia, como temem os ambientalistas. O governo quer deixar claro que o programa de produ��o de etanol, o chamado Proalcool, foi criado em 1975, portanto muito anterior em sem qualquer rela��o com crise dos alimentos. Na �poca, o Brasil importava grande parte do petr�leo que consumia e o Proalcool foi uma forma de diminuir as despesas com as importa��es. Actualmente, mais de um quarto do total da frota brasileira de 20 milhões de ve�culos utiliza o etanol, disponível. aos consumidores em todas as 35.000 esta��es de combust�vel espalhadas pelo país. Os investimentos no sector dever�o ascender a 14 mil milhões de euros, com a constru��o e amplia��o de 86 unidades, nos próximos anos, no Brasil, o que duplicar� a produ��o de etanol. O Brasil e os Estados Unidos são os dois maiores produtores de etanol (respons�veis por cerca de 75 por cento da produ��o mundial), seguidos pela China, �ndia e Fran�a.
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