
Os Estados Unidos e a China acordaram uma segunda trégua ao 359º dia da guerra comercial iniciada a 6 de julho de 2018, anunciou a agência de notícias chinesa Xinhua na sequência do encontro entre Trump e Xi Jinping este sábado à margem da cimeira do G20 em Osaka, no Japão. A agência chinesa adianta que as negociações entre Washington e Pequim irão recomeçar.
À saída do encontro das duas delegações chefiadas pelos dois presidentes, Trump declarou que a reunião tinha sido “excelente” e que os EUA “estão de volta aos trilhos” com a China. Os EUA publicarão uma declaração pelas 7h30 (hora de Portugal).
Segunda trégua em seis meses
Com esta segunda trégua na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, uma escalada na imposição de mais taxas é travada. Os EUA tinham ameaçado avançar com taxas alfandegárias de 25% sobre as restantes importações da China que ainda não estão abrangidas pela guerra comercial desencadeada por Trump em julho do ano passado. O Fundo Monetário Internacional tinha avançado em abril, na publicação das suas previsões no World Economic Outlook, que uma escalada agravaria o abrandamento da economia mundial, para além dos estragos provocados nas duas economias em confronto.
A guerra comercial foi iniciada a 6 de julho de 2018 com a imposição por parte de Washington de taxas de 25% sobre uma primeira lista de 818 produtos importados da China no valor de 34 mil milhões de dólares (cerca de €30 mil milhões). Seguiram-se novas medidas protecionistas dos EUA e retaliações por parte da China, chegando a um quadro de guerra comercial envolvendo taxas sobre 250 mil milhões de dólares (cerca de €220 mil milhões) de exportações da China para os EUA e sobre 110 mil milhões de dólares (€97 mil milhões) de exportações dos EUA para a China.
Uma primeira trégua de 90 dias foi acordada na reunião a 1 de dezembro entre os dois presidentes à margem da cimeira do G20 em Buenos Aires.
Delegações das duas partes negociaram durante o período de trégua que foi estendido e que só foi interrompido com a decisão de Trump a 5 de maio em escalar a guerra comercial com a subida das taxas aduaneiras de 10% para 25% sobre 200 mil milhões de dólares (€176 mil milhões) de importações a partir do dia 10 daquele mês.
Entretanto o confronto estendeu-se ao campo da tecnologia e muitos analistas falam do regresso de um quadro de guerra fria, agora entre as duas atuais principais potências do mundo.
China anuncia medidas de abertura ao capital internacional
Xi Jinping aproveitou a deslocação à cimeira do G20 para anunciar um pacote de medidas de abertura ao investimento estrangeiro e a determinação em acelerar as negociações comerciais com a União Europeia e finalizar o acordo tripartido com o Japão e a Coreia do Sul.
Pequim vai divulgar uma nova lista de sectores vedados ao capital estrangeiro, ampliando as exceções nas áreas da agricultura, minas, indústria e serviços. Também vai avançar com mais seis zonas piloto, incluindo uma nova em Xangai, e vai estabelecer um porto livre na ilha de Hainão. Uma nova lei sobre investimento estrangeiro vai ser publicada no início de 2020.
Também à margem do G20, os presidentes da China, Índia e Rússia, as três principais potências dos BRICS, decidiram reforçar a cooperação trilateral no sentido de apoiar “a globalização económica e a liberalização comercial” e combater “o protecionismo e o unilateralismo”.
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