[Fonte: Público]
Estudo da Direcção-Geral do Território foi à procura das “dinâmicas territoriais” entre 1995 e 2010. Mais de um milhão de hectares do território nacional mudou de ocupação.
Uma equipa da Direcção-Geral do Território (DGT) revisitou os estudos cartográficos sobre a ocupação do solo em Portugal entre 1995 e 2010 e acabou por produzir o retrato das mudanças que apontam para um país mais urbano, mais florestal e menos agrícola. Em termos gerais, a equipa composta por Mário Caetano, Cristina Igreja, Filipe Marcelino e Hugo Costa constatou que, entre os anos de forte crescimento económico da segunda metade dos anos de 1990 e as proximidades da crise financeira de 2011, mais de 1,1 milhões de hectares do território nacional mudaram de ocupação, o que dá uma média próxima de 75 mil hectares por ano. Mas a velocidade da mudança foi desigual no período: entre 1995 e 2007 a transformação no território ocorreu a uma velocidade quatro vezes superior ao ritmo registado entre 2007 e 2010.
Campos de golfe ocupam mais área
A análise da equipa da DGT não se ateve apenas às grandes mudanças. Nas suas análises baseadas na interpretação de fotografias aéreas, os autores procuraram avaliar a dinâmica e a natureza das mudanças à escala regional e municipal. Foi por isso possível concluir que, no total, os campos de golfe ocupavam há sete anos mais área do que os parques e jardins (3927 hectares contra 3000). Ou notar que se o Porto é o município do país com uma maior percentagem da sua área artificializada (85%), Barrancos é o concelho que menos espaço concede a essa tipologia de ocupação (0,6%). No capítulo das singularidades, Golegã é o município com maior percentagem dos solos dedicados à agricultura (79%) e Góis é o concelho mais florestal do país (a floresta ocupa 86% da sua área).
O estudo, que foi concluído este mês, apresenta ainda conclusões que contradizem o retrato da floresta produzido pelo Inventário Florestal Nacional (IFN) de 2010. Ao contrário do IFN, o estudo indica que a espécie dominante da floresta nacional é o pinheiro-bravo e não o eucalipto (1,1 milhões de hectares contra 848 mil, quando o IFN indica que o eucalipto ocupa uma área de 811 mil hectares contra 714 do pinheiro). Mas estas discrepâncias são explicadas pela metodologia usada por um e outro estudo. Os autores advertem aliás que “os objetivos dos dois programas, as especificações técnicas, a base metodológica, a nomenclatura e os conceitos utilizados são substancialmente diferentes”, pelo que é “compreensível que as áreas dos usos do solo e das espécies florestais derivadas destes processos sejam diferentes”. No domínio da discussão técnica ou política sobre a floresta, o que prevalece são os dados do IFN, de acordo com fontes contactadas pelo PÚBLICO.
Manuel Carvalho
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