A AJAP – Associação dos Jovens Agricultores de Portugal está solidária com todos os agricultores europeus e parabeniza os milhares de agricultores que hoje se manifestaram em Bruxelas, à margem do Conselho Europeu. A manifestação pretendeu apelar aos chefes de Estado e, nomeadamente à Comissão Europeia, para que se estabeleça uma Política Agrícola Comum (PAC) ambiciosa para os Jovens Agricultores e para todos os Agricultores Europeus. Alertamos ainda para as cautelas necessárias na defesa da Agricultura Europeia no acordo de livre-comércio entre a UE e o Mercosul, que pode colocar em risco alguns setores da UE, em particular o da pecuária.
A manifestação, organizada pelo COPA-COGECA e apoiada pelo CEJA – Conselho Europeu dos Jovens Agricultores (do qual a AJAP é membro fundador), é essencial na defesa da agricultura europeia e também portuguesa, tendo em conta que as escolhas que forem feitas no contexto do orçamento comunitário para o período 2028-2034, terão impactos durante décadas, afetando não só esta geração de Jovens Agricultores, mas também as seguintes.
A AJAP apela, há muitos anos, para a necessidade de reformas ambiciosas, colocando a renovação geracional e o impulso dos territórios rurais no centro de uma estratégia nacional e europeia. Consideramos ser essencial garantir uma maior ambição orçamental da PAC, acautelando acompanhamento técnico, evolução tecnológica, digital, investigação e financiamento.
É sabido que a agricultura da UE enfrenta múltiplos desafios, que vão desde a crescente volatilidade dos mercados, com implicações nos custos dos fatores de produção e nos preços pagos ao produtor, ao que se acresce uma diminuição de instrumentos para sustentar a transição para a sustentabilidade e a crescente instabilidade geopolítica e comercial.
Percebemos a necessidade de a UE prosseguir uma estratégia de armamento no seu todo, devidamente articulada entre países, pois a nossa soberania e defesa não podem ficar na dependência de outros. Porém, a atividade agrícola, pecuária e as dinâmicas que caraterizam os territórios rurais (infelizmente, em declínio ao longo dos últimos anos) também são estratégia de “defesa” na produção de alimentos para toda a população da UE, e seguramente a base da soberania alimentar, porque o futuro é imprevisível em face da fragilidade política e económica à escala mundial.
“A PAC não pode ser colocada em causa, e a arquitetura que está a ser desenhada em Bruxelas, coloca em perigo a soberania alimentar, a competitividade e a sustentabilidade, com danos severos para países mais frágeis como Portugal, devido ainda às nossas debilidades no Orçamento do Estado para o setor agrícola. Se nada for feito, muitos dos Jovens Agricultores e a grande maioria dos Agricultores portugueses irão ficar em desvantagem em relação a outros países europeus, agudizando as desigualdades e a competitividade da Agricultura nacional”, refere Firmino Cordeiro, Diretor-Geral da AJAP.
Pacto – Inovação Portugal Rural
É por isso que a AJAP defende um modelo de compromisso, a que chamamos Pacto – Inovação Portugal Rural, que objetiva rejuvenescer os territórios rurais e dar ímpeto económico (pelo setor agrícola e outras atividades) a estas regiões, não só em Portugal, como também na maioria dos países da UE. Pois, o cenário de envelhecimento das populações nos territórios rurais, o despovoamento, a ausência cada vez maior de jovens e algum abandono não só da agricultura como de um vasto conjunto de atividades não agrícolas nestas regiões, situações agravadas pelos efeitos dos incêndios, associados às alterações climatéricas, veem acelerando a tendência para alguma desertificação que se começa a verificar nos países do sul da Europa (Portugal, Espanha, Itália e Grécia).
A AJAP tem sido, ao longo dos anos, uma das principais vozes de alerta contra o ‘esvaziar’ dos territórios rurais e promotores de soluções concretas. Em Portugal, falamos de mais de 75% do País, que vem assistindo a um abandono das atividades económicas, que luta contra o despovoamento, contra o envelhecimento populacional e assiste à saída dos seus jovens que procuram melhores soluções de vida em territórios urbanos.
A operacionalização do JER – Jovem Empresário Rural, criada pelo Decreto-Lei n.º 9/2019, e que até hoje ainda não saiu do papel, é cada vez mais uma inevitabilidade, defendida pelas comunidades rurais, periurbanas e urbanas, e cada vez mais equacionada como uma das boas soluções pelo Governo e pelos partidos da Oposição.
Não temos a menor dúvida de que todo o esforço político necessário por parte do Governo, para a sua implementação, será devidamente compensador para os portugueses, para os territórios rurais e para o País.
A AJAP continua mobilizada e empenhada em continuar a afirmar a importância da PAC, dos Jovens Agricultores, dos Territórios Rurais e da salvaguarda do futuro do setor. Esperamos, por isso, um sinal claro dos Governos da Europa, do Conselho Europeu, do Parlamento Europeu e da Comissão Europeia!
Fonte: AJAP













































